Nos últimos dias, o País emocionou-se com um gesto de António Fernandes. Com 80 anos e a morar junto à Rua da Cedofeita, no Porto, foi protagonista de um momento marcante no sábado, 29 de junho, no âmbito da 19.ª edição da Marcha do Orgulho LGBTQIA+, que juntou milhares de pessoas na cidade. O idoso foi visto a abraçar uma bandeira da comunidade e o momento ficou viral nas redes sociais.
Tudo aconteceu porque António Fernandes sentiu o movimento na rua a aproximar-se, enquanto estava num café. Quando espreitou pela porta, animou-se pelo êxtase dos presentes na marcha e decidiu ir a casa buscar uma bandeira de Portugal, tendo ficado à porta "a abaná-la", diz ao Porto Canal.
Ao querer participar na marcha, António chamou uma jovem ativista, que abraçou e com quem trocou as bandeiras que ambos empunhavam. Abraçado à bandeira LGBTQIA+, o idoso não se poupou nas lágrimas e o momento, que foi captado pela lente de um fotógrafo da Lusa e por vários dos presentes, foi bastante difundido nas redes sociais.
"Não tenho noção se marcou as pessoas, mas a mim marcou-me", disse António Fernandes ao mesmo canal, acrescentando que se tratou de um ato "de apoio". "Cada qual é como é e somos todos iguais", frisou. “A alegria que tive neste momento. Chorei", relembrou, de acordo com o Porto Canal.
E embora o momento tenha tido um impacto positivo na comunidade, inicialmente os presentes achavam que o resultado iria ser o oposto. Foi aquilo que a cantora e compositora Mara Nunes confessou no TikTok, ao explicar a "história bonita" a que assistiu nas ruas do Porto.
De acordo com as declarações da artista queer, o momento começou por ser de alguma tensão e desconfiança – isto porque, uma vez que o idoso estava a agarrar na bandeira de Portugal, pensou-se que podia ser "nacionalista" e poderia estar a "tentar antagonizar" os valores que o grupo estava a defender, de acordo com a própria.
"Estávamos à espera de uma coisa muito má acontecer, como têm acontecido muitas coisas más neste País, ultimamente. E como há tanta gente que fala de ódio contra a nossa comunidade, estávamos prontos para lutar", justificou. Mas o desfecho não podia ter sido mais diferente.
"Foi um momento hiper emocionante porque refletiu, na minha opinião, as coisas piores e as coisas melhores deste País, neste momento, a nível político, a nível social, no que toca à comunidade LGBTQIA+", explicou a jovem no vídeo, acrescentando que espera que a história traga "um pouquinho de esperança".