Foi conhecida esta sexta-feira, 12 de janeiro, no Tribunal de Santarém, a sentença do caso do acidente de viação que causou a morte de Sara Carreira, a 5 de dezembro de 2020, na A1. Três dos quatro arguidos foram condenados a prisão com pena suspensa, incluindo o cantor Ivo Lucas, que era namorado da cantora na altura e conduzia o carro em que seguiam.
Ivo Lucas foi condenado a prisão com pena suspensa de dois anos e quatro meses e Paulo Neves a três anos e quatro meses. Ambos foram acusados do crime de homicídio por negligência na forma grosseira.
Já Cristina Branco, acusada do crime de homicídio por negligência, foi condenada a prisão com pena suspensa de um ano e quatro meses. Tiago Pacheco foi condenado por condução perigosa, tendo de pagar uma multa de 150 dias à taxa de 7€, segundo a SIC Notícias.
Além disso, os quatro arguidos ficam também proibidos de conduzir durante diferentes períodos de tempo. Ivo Lucas por nove meses, Paulo Neves por dois anos, Cristina Branco por um ano e Tiago Pacheco por cinco meses.
A juíza do Tribunal de Santarém afirmou que os arguidos não atuaram com o devido cuidado e que, apesar de não terem tido a intenção de matar Sara Carreira, “a forma como conduziam” ditou a morte da cantora de 21 anos.
O Ministério Público (MP) tinha pedido prisão com pena suspensa, todas inferiores a cinco anos, para estes três arguidos, acusando-os de terem “assobiado para o lado”. “Todos eles, com as suas condutas, criaram as condições que levaram à morte de Sara [Carreira]”, afirmou o procurador no Tribunal Judicial de Santarém durante as alegações finais. Para Tiago Pacheco, tinha pedido a aplicação de uma multa superior a 600€.
Tony Carreira esteve presente no tribunal. “Para ser sincero, até ontem à noite tinha tomado a decisão de não vir. Acho que devo à minha filha estar aqui, mas não venho cá fazer nada”, disse aos jornalistas, acrescentando que deseja que todos os arguidos “sigam as suas vidas” e garantiu que não vai “recorrer”. “Só vinha aqui perceber o que aconteceu, mas toda a gente tem amnésia”, atirou.
“Não ouvi sequer as penas que foram aplicadas”, revelou o cantor, afirmando que só queria “apurar a verdade”. “A justiça é sempre relativa”, disse. “Na vida real, toda a gente vai para casa e ninguém vai preso. E está tudo certo, não era nada disso que eu pretendia”, continuou.
“Na vida real, todos aqui seguiram uma tática de advogado, a carta da amnésia, ninguém se lembra de nada. Mas, também na vida real, dentro dessa amnésia, toda a gente se lembra daquilo que dá jeito. Havia nevoeiro, quando ficou provado que não havia, que não havia visibilidade, e havia visibilidade a 400 metros. Portanto, não custava nada a estes arguidos, simplesmente, dizerem-me a verdade, que era isso que eu procurava”, informou Tony Carreira, conforme escreve a "Selfie".
“Na vida real também há outro facto. Não entendo como é que o Ministério Público queria ilibar uma pessoa que ia bêbada, a 28 quilómetros por hora, mas que disse que não se lembrava de nada e, de repente, lembrou-se que não ia a 28. Como aqueles que iam a 130 se lembraram que iam a 85”, atirou ainda o cantor, criticando o facto de o arguido Paulo Neves, que considera “o maior culpado deste filme todo”, não ter tido “coragem para comparecer”.
Já o advogado de Ivo Lucas garantiu que vai "recorrer". "O meu cliente está a passar um mau bocado", garantiu.
Paulo Neves conduzia alcoolizado, com uma taxa de álcool no sangue de 1,18 gramas/litro e abaixo do limite de velocidade numa autoestrada. Ivo Lucas conduzia “desatento e em excesso de velocidade”, enquanto Cristina Branco embateu no veículo de Paulo Neves e deixou o seu carro parado no meio da autoestrada, fugindo com a filha para o separador central. Já Tiago Pacheco foi o último condutor a colidir contra o carro em que Sara Carreira seguia e conduzia de forma perigosa.