Condutoras mulheres. Passageiros mulheres. São as duas regras obrigatórias na Kolett, uma nova plataforma francesa de transporte, lançada esta quarta-feira, 12 de setembro, em Paris, que será o equivalente à Uber mas no feminino: basta ter a aplicação, chamar carro e aguardar que a motorista chegue.
Os homens não terão acesso a este serviço, exceto se acompanharem alguém do sexo feminino. Valérie Furcajg, presidente da empresa, realizou um estudo de mercado e concluiu que a ideia tinha potencial, ao demonstrar que várias mulheres preferiam regressar a casa, depois de numa noite numa discoteca, com uma mulher a conduzir.
"Queremos oferecer aos nossos clientes a oportunidade de terem um motorista do sexo feminino, o que não existe nas principais plataformas”, disse ao "Le Croix" a também co-fundadora da empresa, que assumiu que é frequente utilizadora destes serviços. Mais do que por uma questão de segurança, Furcajg explica que em causa está o bem-estar da mulher. “Não é uma questão de segurança, mas é mais para evitar comentários equivocados”, disse ao mesmo jornal.
Com o objetivo de proporcionar viagens serenas, considerando que se tratam também de momentos "íntimos", pela proximidade ao condutor, entende as questões que se colocam relativamente à discriminação. Mas considera mais grave a posição dos serviços de veículos com licenças de transporte em Paris, que "discriminam a toda a hora as mulheres", como disse em entrevista ao "La Vanguardia".
Nos Estados Unidos já existe este tipo de serviço, disponibilizado pela SheRides. Porém, neste caso os que carros distinguem-se pelas cor, o que não acontece com a Kolett. Em Paris já existiam serviços semelhantes, mas mais abrangentes. Há a Femme au Volant, uma empresa que só tem mulheres condutoras, mas que também transporta homens e cuja reserva deve ser feita com uma antecedência de 24 horas.
O serviço está disponível apenas na zona oeste de Paris, bem como em três locais junto da fronteira da capital. Apesar de as tarifas serem superiores (1,20€ de base, 0,31€ por minuto e 1,20€ por quilómetro, face à Uber com valores de 1€ de base, 0,10€ por minuto e 0,65€ por quilómetro), as taxas aplicadas às condutoras serão menores do que aquelas que se aplicam na gigante norte-americana: a Uber cobra aos condutores 25% e a Kollet 15%, medida que passa por diminuir as horas de trabalho.
O "Le Croix" avança que a empresa já conta com 70 condutoras femininas, “esperando alcançar rapidamente as 100” e com previsões de expansão para o resto de Paris e para outras cidades.