"Na cidade onde vivia, o aluguer de uma casa custava-me 250€. Em Lisboa, por esse valor, só consigo alugar um quarto. Alugo um quarto para mim e outro para a minha filha numa casa partilhada", é só uma das mensagens escritas a tinta azul num dos vários azulejos que estão a ser afixados nos Anjos, em Lisboa.
Embora a iniciativa tenha surgido durante o Festival Habitação, nos Anjos, a ideia passou agora para o Instagram através da conta Perdi a Casa. Na biografia da conta oficial da rede social, uma declaração de intenções. "Memória coletiva, urbana e digital e de despejo e não-renovação de contrato em Lisboa através da escrita em azulejos no bairro Anjos", lê-se.
Até agora ainda só existe uma publicação, mas a ideia parece ser publicar testemunhos e histórias de pessoas que se viram a ficar sem casa em situações extremas de despejo ou decorrentes da não renovação dos contratos de arrendamento com os senhorios.
E pelo que se pode ver através da primeira imagem publicada este sábado, 21 de setembro, há muitas histórias para contar e denunciar.
"Ao fim de três anos de contrato, que seria renovado por um igual período de tempo com ajustes regulados de acordo com a inflação atual de preços, o senhorio decidiu que o mercado estava bom para exigir quase 200 euros de aumento de renda", é uma das histórias publicadas em azulejo por um morador anónimo de Lisboa.
Já outro morador conta como o contrato de renovação foi rejeitado assim que o senhorio da sua habitação passou a ser uma agência imobiliária.
"Recebemos uma carta do novo senhorio: uma empresa imobiliária. Meses depois, uma carta de não renovação do contrato. Na altura, todos os apartamentos exceto o nosso e outro já eram usados para arrendar a turistas. Perdi a casa a 20 de setembro", lê-se.