Jéssica, a menina de 3 anos que morreu em Setúbal depois de ser espancada até à morte em junho, era alegadamente usada pela mãe no tráfico de droga, sendo este, possivelmente, o grande mote do crime. A criança, que terá sido raptada devido a uma dívida que a mãe tinha para com Ana Cristina Justo, também conhecida por Tita, já sofria de maus tratos antes do episódio que a levaria à morte, de acordo com o pai.
Jéssica morreu no hospital de Setúbal, no qual deu entrada com ferimentos na cara e hematomas no corpo. A menina tinha 131 lesões no corpo, a cara desfigurada por uma queimadura de líquido a ferver e marcas na zona genital provocadas, possivelmente, por pontapés. Agora, foram encontrados vestígios de cocaína na fralda que usava à altura da morte, relata o "Correio da Manhã".
A Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal, após receber o resultado da autópsia, defende que Jéssica foi usada como correio de droga tanto pela mãe, como por Ana Cristina Justo e pela sua família. Inês, a mãe, comprava cocaína a Tita e em troca deixava que usassem a filha como correio de droga, para transportar cocaína.
Jéssica morreu em junho após ter estado sete dias entregue a Tita, Justo, o marido, e Esmeralda, filha de ambos. A mãe de Jéssica terá deixado a filha com os agressores devido a não ter dinheiro para pagar uma dívida de 800€, apesar de saber que a menina seria espancada.
A PJ já avançou para a detenção de Inês: está indicada por homicídio qualificado, na forma de omissão. A mãe de Jéssica foi ouvida na quinta-feira, 15 de dezembro, e o interrogatório continua esta sexta-feira, 16. Também Eduardo Montes, filho de Tita e Justo, foi preso por suspeitas de ter usado a criança para o tráfico de droga.
Há indícios de que Inês se relacionava com a família de agressores há pelo menos quatro anos, período coincidente com o início da sua gravidez, não se descartando a hipótese de ter começado a consumir nessa altura. Foram revelados telefonemas feitos de Inês para Tita durante os dias em que Jéssica esteve sequestrada, em que é possível ouvir os gritos da criança, e a mãe nada fez por ter medo de ser presa.