Vanessa Gusmão é mãe de Martim, uma das quatro crianças que alegadamente terão sido vítimas de maus-tratos pela diretora técnica da creche Santa Isabel, de 55 anos, em Vila Nova de Gaia. Ao programa da SIC "Linha Aberta", apresentado por Hernani Carvalho, terá contado pormenores sobre as agressões físicas e psicológicas de que o seu filho foi vítima, entre setembro de 2017, data em que passou a frequentar a instituição, e janeiro de 2018, altura em que a mulher foi denunciada.

"O meu filho tinha dois anos e cinco meses quando foi para a creche. Não foi fácil", começa por dizer Vanessa Gusmão, numa alusão às longas listas de espera. "Só procurei naquele preciso ano. Devia ter feito a inscrição com mais tempo. Foi a única creche que me apresentou uma vaga."

A 1 de setembro, Martim entrou na creche. Vanessa Gusmão ficou satisfeita com a educadora, mas não gostou da diretora técnica. "Achei que era uma pessoa muito fria para aquele papel, para aquela responsabilidade tão grande", conta. "Mas, pronto, como pensei que ia ser a educadora a ficar com o meu filho e não aquela pessoa, não me preocupei — nem nunca me passou pela cabeça que ela pudesse estar sempre em cima daquela sala onde o meu filho ia estar."

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A 7 de janeiro, Vanessa recebeu uma mensagem da educadora a despedir-se. "Era uma mensagem geral a despedir-se dos pais, a agradecer imenso o apoio que os pais sempre lhe deram, mas que não iria mais trabalhar na creche Santa Isabel. Achei aquilo estranho."

No dia seguinte, quando foi deixar Martim, questionou a auxiliar que os recebeu. Vanessa queria perceber o que é que se estava a passar e com quem é que o filho iria, então, ficar. "Notei que a auxiliar estava com muito medo de falar fosse do que fosse", lembra. "Entretanto chegou uma outra mãe, que disse que já sabia de algumas coisas que se estavam a passar lá dentro. Então, trocámos o número de telefone para ela me poder ligar naquele dia."

No mesmo dia, Vanessa conseguiu contactar a antiga educadora. "Contou-me ao pormenor as coisas que se passavam, essencialmente com o meu filho". E foi assim que percebeu que Martim, juntamente com outras três crianças, com idades entre os 1 e 3 anos, relata Hernani Carvalho, fora vítima de maus-tratos por parte da diretora da creche Santa Isabel.

"O meu filho foi fechado várias vezes numa sala, num quarto, escuro, sem poder almoçar", relata Vanessa Gusmão. "Além disso, quando o meu filho não queria comer, porque fazia birra, ela abanava-o com os braços, agarrava-o e atirava-o para a cadeira da cantina."

Vanessa Gusmão considera que esta mulher "não é uma pessoa, é um monstro, não tem dignidade." Identificada como Olivia C., apesar de ter sido constituída arguida e de ter ficado sujeita ao termo de identidade e residência, a mulher, que acumulava as funções de diretora técnica e educadora de infância, para um grupo de crianças com idades entre os 24 e 36 meses, continua a trabalhar naquela creche.

A acusação do Ministério Público, citada pelo "Jornal de Notícias" em setembro de 2020, já havia dado conta dos maus-tratos que esta diretora havia dirigido às crianças, entre junho de 2017 e janeiro de 2018.  Terá tratado "de forma discriminatória uma criança de dois anos por ela ser de origem africana”, tendo-se, em frente à turma, dirigido à criança como "preto", utilizando expressões como "ó preto, para quieto."

Terá também forçado as crianças a comerem. “A mulher terá introduzido à força pedaços de comida na boca, ao ponto de uma ter vomitado por não conseguir mastigar”, diz a acusação do MP, que “considera ainda ter ficado provado no inquérito que todos ficaram em pânico”.

Segundo o "Jornal de Notícias", esta diretora terá também obrigado as quatro crianças a dormirem a sesta vestidas e calçadas, justificando que, deste modo, já estavam prontas para sair à hora de acordar, não dando mais trabalho. Há ainda relatos de ter deixado uma das crianças com febre o dia todo, sem dar medicação ou sequer alertar os pais sobre o facto de a criança estar doente.

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