Uso obrigatório de máscara na rua e em locais fechados como cafés, restaurantes, pastelarias e locais de trabalho. É quase certo que esta será a medida principal a regressar à vida dos portugueses à medida que Portugal já está, ou se prepara para entrar, numa nova vaga da pandemia.
É com base no aumento do número de casos, que serve de alerta, que o primeiro-ministro convocou para esta sexta-feira, 19 de novembro, uma reunião no Infarmed, em Lisboa, para que comece já a ser delineado o programa de prevenção e combate à COVID-19.
É que embora Portugal tenha uma taxa de vacinação próxima dos 90%, não é exequível que o ritmo de crescimento de novos casos se mantenha e, portanto, serão tomadas medidas que ponham um travão à propagação do vírus.
Caso contrário, o resultado será uma média de "três mil" casos de infeção a sete dias, quando agora é de "quase dois mil casos", segundo explica um epidemiologista ao "Diário de Notícias". "Embora a doença tenha menos gravidade [devido à taxa de vacinação], mais cedo ou mais tarde a situação vai refletir-se nos cuidados de saúde", explica ao mesmo jornal.
Isto significa que vem aí um novo confinamento?
Apesar disso, há um consenso entre especialistas, governo e presidente da República de que voltar a um estado de emergência e, consequentemente, a um confinamento geral, está fora de questão.
Essa mesma posição foi expressa por António Costa na terça-feira, 16, que, embora tenha admitido o regresso de algumas restrições, afastou um cenário mais extremo. "Nós nunca hesitamos, nem nunca poderemos hesitar em tomar todas as medidas para proteger a saúde e a vida dos portugueses", começou por dizer.
"Não antecipo que tenhamos de adotar medidas que impliquem a existência do estado de emergência". Além disso, assegura que "não é previsível que se tenham de tomar medidas da dimensão que tivemos no passado".
"A vacinação tem diminuído muito a taxa de incidência, como tem assegurado que as consequências de infeção são menos gravosas", refere.
A posição foi corroborada por Marcelo Rebelo de Sousa em declarações aos jornalistas e, por isso, na reunião do Infarmed nunca o regresso a um confinamento esteve em cima da mesa.
O teletrabalho vai voltar?
Provavelmente, sim, sempre que possível.
Com a chegada do Natal e da Passagem de Ano, o que se espera é um aumento da circulação em todo o País.
Por isso, e para evitar ao máximo o número de aglomerações, uma das medidas propostas foi o regresso ao teletrabalho sempre que tal regime seja possível tanto à entidade empregadora como ao trabalhador.
Essa medida, acrescentou a especialista em saúde pública Raquel Duarte, deverá ser complementada com o desfasamento de horários.
O que vai acontecer aos eventos públicos?
Nesta fase, ainda só são conhecidas as recomendações que foram ouvidas na reunião do Infarmed. Caberá ao governo, depois de ouvir os restantes partidos políticos, elencar as novas restrições.
No entanto, a especialista Raquel Duarte sugeriu que nos eventos de grande dimensão no exterior terá de haver o cumprimento das medidas gerais e dever-se-á ter em atenção o controlo dos locais onde as pessoas poderão permanecer desde que, claro, seja respeitado o distanciamento social a que estamos habituados desde o início da pandemia.
Em que situações é que a máscara vai voltar a ser obrigatória?
Provavelmente, na rua. E em todos os locais fechados. Esta é uma das medidas que deverão ser anunciada pelo governo.
Isto implica que a máscara seja usada em espaços exteriores, mas também dentro dos restaurantes, pastelarias e similares (locais onde, mais recentemente, os clientes já não precisavam de usar), assim como em todos os espaços do local de trabalho.
O regresso da máscara é, na visão dos especialistas, uma das ferramentas fundamentais para travar a propagação do vírus.
Os restaurantes vão voltar a fechar ao fim de semana? O que vem aí, afinal?
O que Raquel Duarte sugeriu é que dentro dos cafés, restaurantes ou qualquer outra atividade do setor comercial possa voltar a ser imposto um número máximo de pessoas por metro quadrado.
No geral, tanto o governo como o presidente da República parecem em sintonia quanto ao regresso de medidas mais moderadas, mas não serão tão restritivas como no passado.
Mas qualquer decisão, no entanto, só será tomada para a semana, depois de o governo de António Costa ouvir todos os partidos com assento parlamentar. Essas reuniões vão acontecer na terça e na quarta-feira, 23 e 24 de novembro, respetivamente.