O relatório Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependência, publicado esta quarta-feira, 27 de janeiro, no portal do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), conclui que, em 2019, aumentou o consumo de drogas ilícitas (sem ser canábis) em jovens com menos de 18 anos.

A ser apresentado hoje na Assembleia da República, o documento com mais de 200 páginas, apresenta informações alarmantes. O relatório demonstra que em 2019 houve um aumento no consumo de substâncias ilícitas, que não canábis, entre alunos com idades entre os 13 e os 18 anos. Em simultâneo, verificou-se também uma diminuição na sensação de risco associado aos consumos nos alunos de 16 anos. Face ao resto da Europa, Portugal apresenta uma evolução menos positiva. E, sobre a canábis, houve um aumento do consumo entre os jovens de 18 anos, verificado entre 2015 e 2019. 

30 imagens que mostram o antes e o depois de pessoas viciadas em drogas
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No que respeita à mortalidade, verificou-se uma evolução negativa na relação com os consumos. Mas, ainda assim, há já três anos consecutivos que o número de overdoses está a aumentar. De acordo com o SICAD, as overdoses de opiáceos duplicaram entre 2017 e 2018 e as de cocaína voltaram a subir, pelo terceiro ano consecutivo. Entre 2018 e 2019, houve ainda o aumento de novos utentes em tratamentos.

Também os dados do consumo de álcool são preocupantes. Entre 2015 e 2019, notou-se um aumento do consumo recente, do binge e da embriaguez em jovens de 18 anos e em jovens de outras idades, nomeadamente de 16 anos. Aumentaram também os diagnósticos precoces de crianças e jovens que são expostos a cenários associados ao consumo destas bebidas, que interferem com o bem-estar e desenvolvimento.

Mais fácil comprar e menos fiscalização

O relatório diz ainda que se verifica uma maior circulação de drogas no mercado português, com uma utilização crescente da internet na comercialização e aquisição de várias substâncias psicoátivas. A fiscalização também diminuiu.

Outro dado importante é referente à comercialização das bebidas: verificou-se também aqui uma diminuição dos estabelecimentos fiscalizados, assim como uma descida acentuada nas contraordenações referentes à venda de bebidas alcóolicas a menores.

É necessária a priorização de acções preventivas conclui o coordenador Nacional para os Problemas da Droga, das Toxicodependências e do Uso Nocivo do Álcool, que pede também ao Governo que se desenhem respostas a dar no âmbito da redução da procura e da oferta, face às tendências crescentes verificadas no consumo de álcool e drogas.