Na conferência desta sexta-feira, 26 de junho, Marta Temido, ministra da Saúde, admitiu que Portugal não estava a ser capaz de travar as cadeias de transmissão do novo coronavírus numa altura em que o novo boletim epidemiológico, atualizado pela Direção-Geral da Saúde, registou um aumento de 451 novos casos de infeção e seis mortes.
"Estamos a ter dificuldade em quebrar as cadeias de transmissão, estão a manter-se relativamente persistentes e, portanto, pusemos no terreno um conjunto de instrumentos adicionais", referiu Marta Temido segundo avança o jornal "Expresso", citando a Agência Lusa.
E embora haja cada vez mais meios no terreno, as dificuldades mantém-se. Terá sido também isso a motivar a aprovação das medidas levados ao Conselho de Ministros para tentar conter o surto na região de Lisboa e Vale do Tejo onde, nos últimas semanas, se tem concentrado a maioria dos casos de contágio. Para Marta Temido, estas medidas que foram aprovadas na quinta-feira, 25, têm como objetivo levar os cidadãos a "absterem-se de comportamentos supérfluos que podem ser evitados" — numa região onde há um grau elevado de movimento e de contacto.
Estas medidas, que vão estar em vigor a partir de 1 de julho em 19 freguesias da Área Metropolitana de Lisboa, pretendem voltar a recomendar à população a "permanência no domicílio" para "estancar o mais possível" a transmissão do vírus. "A única resposta que temos é uma resposta transparente e de verdade", e Marta Temido garantiu que não "vale desistir" de conter o número de contágios.
Nas 19 freguesias da Área Metropolitana de Lisboa, foram aplicadas as medidas de dever cívico de recolhimento domiciliário, proibição de feiras e mercados de levante, ajuntamentos limitados a cinco pessoas, reforço da vigilância dos confinamentos obrigatórios por equipas conjuntas da Proteção Civil, Segurança Social e Saúde Comunitária e aplicado o Programa Bairros Saudáveis.
Desde terça-feira, 23 de junho, os estabelecimentos comerciais são obrigados a encerrar às 20 horas, à exceção dos restaurantes, e os aglomerados com mais de dez pessoas são proibidos, bem como consumir álcool na rua, também a partir das 20 horas. A partir de domingo, 28 de junho, quem não cumprir estas medidas pode sofrer coimas, com os valores das multas a variar entre os 120€ e os 350€.
No entanto, e até à data, o primeiro-ministro António Costa recusa a ideia de fazer um cerco sanitário na zona de Lisboa e Vale do Tejo, e afirmou que já estão identificadas as freguesias da região com maiores problemas.
"O núcleo do problema centra-se em 15 freguesias do conjunto destes concelhos e em várias dessas freguesias é possível localizar as áreas residenciais onde há uma incidência particular", salientou António Costa, que acredita que com estas novas medidas se consiga ter "os efeitos úteis da cerca sanitária", sem declarar a restrição.