Um casal de modelos terá cometido fraude e burlado pelo menos 65 pessoas. Garantiam que estariam a escolher os novos rostos do mundo da moda, da representação e da publicidade, utilizando o nome de grandes agências, apesar de não terem autorização para tal.

Em 2017, Inês Nunes integrava o elenco de "Ouro Verde", novela da TVI. "Pelo menos desde o verão passado", de acordo com o "Correio da Manhã", a atriz estaria a enganar pessoas em conjunto com a namorada, Marija Silov. O caso foi divulgado na edição impressa do "Correio da Manhã" desta quarta-feira, 17 de maio.

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Depois de divulgar o projeto nas redes sociais, a dupla realizava castings. Um aconteceu em Évora (com 20 inscritos), outro em Santarém (com 33) e outro em Coimbra (com 12). No total, foram 65 as pessoas a tentarem a sua sorte e a serem selecionadas para seguirem para formação. No entanto, para avançarem, teriam de pagar cada uma 300€.

Em troca, recebiam a garantia de que seriam agenciados na Blast (no caso do casting de Coimbra), agência sediada na Avenida da Liberdade, em Lisboa, que representa modelos, atores e celebridades, e na Face Models (para quem foi posto à prova em Santarém e em Évora), pertencente à estilista Fátima Lopes.

A MAGG entrou em contacto com a estilista de modo a perceber como é que a Face Models está envolvida nesta situação. Fátima Lopes explicou que uma pessoa entrou em contacto e "disse que o nome da Face estava envolvido e que tinha sido prometido que seriam agenciados na Face Models".

"Obviamente, era falso. Nunca autorizámos que usassem o nome da Face para fazer promessas de agenciamento, até porque não prometemos nada a ninguém", garantiu a designer de moda à MAGG. "No dia em que descobrimos o que estava a acontecer, proibimos imediatamente o nome do uso da Face", adiantou.

Inês Nunes e Marija Silov "saíram da agência por sua livre vontade". Foram agenciadas pela Face Models "durante um tempo curto". "Elas estiveram em várias agências", explica-nos Fátima Lopes. "Pelos vistos, foram fazer o mesmo com outra agência", continua a estilista.

Fátima Lopes tem lidado com este tipo de esquemas relativos ao seu projeto de agenciamento. "Existe outra agência que se faz passar pela Face e que anda a fazer coisas parecidas. Já denunciámos isto algumas vezes. Temos tido pessoas que nos vêm tocar à porta porque pensam que somos nós. Por muito que se denuncie, há sempre alguém a ser enganado", conclui.

Conforme divulga o "Correio da Manhã", a Blast também nunca autorizou que o nome da agência fosse utilizado para estes fins. Depois de pago o montante, os selecionados passariam para a parte das formações, que nunca eram concluídas. Inês Nunes justificava-se recorrendo a histórias de roubos, doenças e falecimentos de três familiares.

A namorada, Marija Silov, era quem lecionava o módulo da moda. "Os módulos dados por elas eram sempre a despachar e nunca estavam atentas", disse Maria Inês Castelo, lesada de Santarém, ao "Correio da Manhã". Também há crianças envolvidas no caso, que já foi participado à PSP e ao Ministério Público.