Em março de 2018, Maria Rosette, com 85 anos, passou a ter uma cuidadora e começou a ser burlada. Ana Isabel fora chamada para tomar conta de uma idosa na zona de Lisboa e não tardou a aperceber-se do avultado património da senhora, do qual tiraria proveito.

Ana Isabel montou todo um plano com a filha, Sara, de 28 anos, e com uma advogada de Loures, de 62. Conseguiram afastar Maria Rosette das duas filhas e começaram a apropriar-se do seu dinheiro. Entre outubro de 2018 e dezembro de 2021, gastaram pelo menos 737 mil euros que lhe pertenciam, nota o "Jornal de Notícias" na edição impressa deste domingo, 29 de janeiro.

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Para movimentarem o dinheiro, Ana Isabel começou a morar com a idosa e convenceu-a a constituir uma empresa, bem como  a assinar uma procuração que lhe garantiria plenos poderes de representação. O próximo passo foi abrirem contas bancárias em nome dessa firma, em nome de Maria Rosette.

Para os bancos nunca abordarem a titular, as três envolvidas deram os seus contactos, espalhando milhares de euros entre a conta desta empresa e as suas pessoais. Mas o dinheiro não é infinito e, em outubro de 2020, a torneira secou. Então, contraíram vários empréstimos, num total de 400 mil euros, novamente em nome de Maria Rosette.

Em janeiro de 2022, a idosa, hoje com 90 anos, foi submetida a avaliação psiquiátrica, que concluiu que sofre de alzheimer, doença que a incapacitava e que fazia com que não pudesse tomar conta de si ou dos próprios bens por conta própria. Ana Isabel, Sara, a advogada (que recebeu pelo menos 21 mil euros) e Cristiano, parceiro de Sara, tiraram proveito desta fragilidade.

Em pouco mais de três anos, apropriaram-se de três imóveis em Seia, adquiriram eletrodomésticos, pagaram hotéis, viagens e  deslocações. Ana Isabel e Sara compraram um automóvel Ford Focus por 26 mil euros e aproveitaram para fazer o seguro em nome da empresa.

Com o dinheiro de Maria Rosette, Sara e Cristiano conseguiram dar o sinal e adquirir uma moradia em Grijó, Vila Nova de Gaia,  no valor de 290 mil euros. Abriram, ainda, um bar de cocktails no centro do Porto, inspirado nos loucos anos 20 do século passado, adianta o mesmo jornal.

Na sequência de uma investigação conduzida pela Polícia Judiciária de Lisboa, as três mulheres foram acusadas de burla qualificada. Já o genro foi acusado de recetação, por ter recebido e utilizado o dinheiro de Maria Rosette estando consciente da sua origem.