O ator Bruno Candé Marques, de 39 anos, foi brutalmente assassinado a 25 de julho, em Loures, com quatro tiros disparados à queima-roupa por Evaristo Marinho, reformado, e ex-combatente na Guerra do Ultramar. O homem de 76 anos foi acusado pelo Ministério Público (MP) do crime de homicídio qualificado, agravado por ódio racial.

O despacho do MP de Loures deu como provado que o ex-militar da guerra colonial em Angola agiu com a intenção de matar Bruno Candé e dirigiu expressões em que se “referiu em concreto à cor da sua pele”, avança o jornal "Público".

Para além disso, o homicídio foi agravado pelos artigos 131.º e 132.º do Código Penal, pelo facto de ter sido “determinado por ódio racial, religioso, político ou gerado pela cor, origem étnica ou nacional, pelo sexo, pela orientação sexual ou pela identidade de género da vítima”.

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Dois dias após o crime, a 27 de julho, o assassino foi ouvido no Tribunal de Loures e apenas se remeteu ao silêncio, ficando a aguardar julgamento em prisão preventiva. Antes disso, testemunhas contaram ao mesmo jornal que Evaristo Marinho tinha começado três dias antes por implicar com a cadela do ator, até proferir insultos racistas: “Preto, vai para a tua terra!” e “volta para a senzala!”, ameaçando com “tenho armas do Ultramar em casa e vou-te matar​”.

No mesmo mês, a família vítima emitiu um comunicado pedindo que "a justiça seja feita de forma célere e rigorosa", não havia dúvida sobre as motivações raciais. "O assassino já o havia ameaçado de morte três dias antes, proferindo vários insultos racistas", o que, para a mesma, torna "evidente o caráter premeditado e racista deste crime".

Bruno Candé era ator de teatro e televisão, tendo participado na telenovela da TVI, "A Única Mulher". Quando foi assassinado, Bruno estava a preparar uma peça de teatro com a Casa Conveniente. O actor começou a colaborar com aquela companhia em 2011, no espectáculo "A Missão – Recordações de uma Revolução", encenado por Mónica Calle.