Embora a família de Bruno Candé Marques, morto a tiro este sábado, 25 de julho, em Loures, atribua motivações racistas ao homicídio, a Polícia de Segurança Pública (PSP) diz que, até ao momento, ainda não tem junto de si quaisquer indícios que sustentem essa acusação.
Luís Santos, comissário do Comando Metropolitano de Lisboa (COMETLIS) da PSP diz que, "da inquisição das testemunhas feita no local, ninguém fala de atos racistas", explica ao jornal "Público". E adianta que embora haja relatos de "diálogos ou confrontos que podem estar por detrás do incidente", as testemunhas nunca mencionaram "questões racistas".
Apesar disso, o comissário reforça que ainda há "muita coisa que agora se poderá desenvolver" durante as investigações que foram agora entregues à Polícia Judiciaria.
O esclarecimento surge no seguimento do comunicado feito pela família de Bruno Candé que diz que o presumível homicida branco já o tinha ameaçado de morte três dias antes usando "vários insultos racistas". "Face a esta circunstância, fica evidente o caráter premeditado e racista deste crime hediondo", pode ler-se no comunicado emitido pela família.
Também Pedro Neto, diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal, se pronunciou sobre o caso sublinhando que "tudo leva a crer, e a família da vítima assim o diz, que foi um crime com motivação racista."
“O racismo existe de forma quotidiana e, pelos vistos, alegadamente e infelizmente, teve aqui um expoente máximo que causou ódio e a morte de alguém”, lamentou Pedro Neto que, além disso, aproveitou também para criticar "algumas forças políticas e grupos da sociedade que negam a existência do racismo".
Bruno Candé, ator de teatro e de novelas, foi morto a tiro numa avenida de Moscavide, em Loures. O motivo do desentendimento terá sido a cadela que acompanhava o ator — e não terá sido a primeira vez que o idoso ameaçou e insultou Bruno Candé. O presumível homicida de 80 anos já tinha dito ao ator para “voltar para a sua terra”, ameaçando que um dia o havia de matar, avança o “Jornal de Notícias”.