Uma mulher ficou deformada depois de ser submetida a uma lipoaspiração às mãos de um enfermeiro, sendo que apenas médicos estão aptos a realizar esse tipo de intervenções cirúrgicas. O enfermeiro foi agora condenado pelo Tribunal da Relação do Porto, escreve o "Correio da Manhã".

A mulher ficou deformada, com cicatrizes no abdómen, nódulos de gordura localizada e fibroses. O caso aconteceu em dezembro de 2014, quando a paciente, que queria perder o peso que ganhou durante a gravidez, recorreu a uma clínica no Porto.

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Fez uma avaliação com o enfermeiro para realizar uma vibrolipoaspiração e assinou uma declaração de consentimento informado, onde ficava claro que a intervenção seria feita por um médico cirurgião, acrescenta a mesma publicação. No dia da intervenção, foi o enfermeiro que recebeu a paciente e fez as marcações das zonas que seriam intervencionadas, neste caso o abdómen e os flancos. A mulher foi anestesiada, tendo sido depois o enfermeiro a realizar a intervenção cirúrgica, manipulando as cânulas.

Três dias após a operação a paciente começou a notar as irregularidades no corpo e, no ano seguinte, tentou realizar uma segunda cirurgia para corrigir os problemas.

No entanto, apesar de a mulher ter ficado deformada, o que está em discussão é a lipoaspiração não ter sido efetuada por um médico e a paciente não se encontrar devidamente esclarecida dos riscos.

Quanto ao julgamento, os juízes desembargadores afirmam que a paciente ficou convencida de que a intervenção seria feita por um médico. “Devemos reiterar que não foi um médico que prestou à paciente todos os esclarecimentos relevantes sobre o ato cirúrgico em causa e possíveis riscos para a sua saúde”, dizem, considerando assim que a declaração de consentimento informada assinada pela mulher é nula, acrescenta o "CM".

O enfermeiro tem agora de pagar, juntamente com a clínica, uma indemnização de 30 mil euros. Quanto à paciente, que trabalha como psicóloga, terá sofrido vários danos físicos e psicológicos. “Sofreu dores no pós-operatório e ficou abalada psicologicamente fruto do desgosto, tristeza, angústia e humilhação que sofreu com essa intervenção”, referem os magistrados.