A forma como foi realizado o asfaltamento dos acessos à praia da Fonte da Telha, em Almada, continua a gerar discussão. E agora espera-se que o pavimento atual venha a ser substituído depois da época balnear. Quem o diz é João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática que esta terça-feira, 14 de julho, defendeu, numa audição na comissão parlamentar de Ambiente e Ordenamento do Território, que aquela pavimento não lhe parecia "o mais adequado" — referindo ao colocação de alcatrão sobre as dunas da praia.
Em causa está o facto de os acessos à praia terem sido realizados, pela Câmara Municipal de Almada, com um material betuminoso. "Não me parece que aquele pavimento seja o mais adequado. No contexto de um projeto integrado para aquele território, quero acreditar que depois da época balnear, aquele pavimento seja substituído por um pavimento que seja efetivamente mais permeável", referiu Matos Fernandes.
A indicação, portanto, é de que o pavimento será substituído uma vez terminada a época balnear — que, na região centro do País, pode variar entre 30 de agosto e 20 de setembro.
Sérgio Barroso, geógrafo, olha para o anúncio do ministro do Ambiente como "o reconhecimento de que a intervenção na Praia da Fonte da Telha não está conforme o Programa de Ordenamento de Alcobaça — Cabo Espichel [POC-ACE], nem se adequa à vulnerabilidade ecológico e costeira do local", explica ao jornal "Expresso".
Por isso mesmo, o especialista saúda a "ação do Ministério, ao garantir que a reparação ambiental retoma o estabelecido no Plano de Praia e na proposta de Plano de Pormenor", no qual se prevê a recuperação da duna frontal do acesso.
Sérgio Barroso não tem dúvidas de que o asfaltamento realizado pela autarquia, e terminado em meados de junho, se trata de um "crime ambiental" e isso terá sido motivação mais do que suficiente para enviar um parecer técnico à Agência Portuguesa do Ambiente e uma carta ao ministro do ambiente a dar conta da "tamanha aberração e atropelo ao ordenamento do território".
O seu desejo é que se "retirem lições" e considera ser "evidente que os mecanismos de controlo prévio estão a falhar na proteção do litoral com danos ambientais e na credibilidade do ordenamento da orla costeira", explica ao mesmo jornal.