Em 2020, o número de partos realizados em casa foi bastante superior ao registado em anos anteriores. Contudo, sabe-se agora que, dos cerca de 1110 partos que foram realizados em casa durante o último ano, apenas 2,8% decorreram sem assistência de profissionais de saúde, avança esta terça-feira, 22 de junho, o jornal "Público". Os dados foram revelados pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) que adianta ainda que 29% dos partos em casa foram assistidos por enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica e 1% por enfermeiros.
Face aos números apresentados, João Bernardes, presidente do Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médico, revela estar "muito surpreendido". Segundo ele, "a Ordem sempre desaconselhou e continua a desaconselhar o envolvimento de profissionais médicos nos partos no domicílio", disse ao "Público", revelando que, tendo em conta a divulgação destes números, "impõe-se uma investigação".
João Bernardes não esconde a posição desfavorável quanto aos partos realizados em casa, e, questionado pelo "Público" sobre se não se justificaria regulamentar esta realidade, uma vez que continuará a haver famílias que optam por esta forma de nascimento, responde que esta situação precisava primeiro de ser avaliada em Portugal.
Ainda assim, o presidente do Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médico faz questão de recordar que a análise que a DGS fez sobre a mortalidade materna em 2017/2018 revelou que "os partos fora do hospital tiveram uma mortalidade materna 25 vezes superior aos partos realizados no hospital", escreve o mesmo jornal.
Apesar de um parto com assistência ser sempre mais seguro, a DGS alerta que "o facto de terem tido assistência de profissionais de saúde não elimina os riscos que implica um parto no domicílio", acrescentando que os partos em casa "envolvem riscos aumentados de morbilidade e mortalidade materna e pela possibilidade inesperada de complicações na parturiente e ou no recém-nascido que podem ter consequências devastadoras".
De acordo com a entidade, citada pelo "Público", ao contrário do que acontece durante a gravidez em que "existem critérios, baseados na história clínica e obstétrica na grávida, para classificar se é ou não de risco", o mesmo "não se aplica ao parto, onde o risco imprevisível de complicações está sempre presente".