A pandemia teve impacto em muitas realidades e os partos não foram exceção. No último ano, os nascimentos sem assistência médica bateram o recorde da década. A cada dez dias, nasceu uma criança sem apoio de um médico, enfermeiro ou bombeiro, tendo sido alcançado o número total de 37 partos sem presença de um profissional de saúde (resultados superiores aos 32 de 2014, e aos 19 de 2019), noticia este sábado, 5 de junho, o "Jornal de Notícias" .

Parto com Sentido. O site que quer informar a população e pôr fim à violência obstétrica
Parto com Sentido. O site que quer informar a população e pôr fim à violência obstétrica
Ver artigo

Apesar de, quando comparado com os mais de 84 mil partos que ocorreram em Portugal, este ser um número reduzido, a Ordem dos Médicos continua a olhar para estes casos com preocupação e tanto a Ordem como a Sociedade de Obstetrícia aconselham as grávidas a optar por um hospital, escreve ainda o mesmo jornal.

Segundo João Bernardes, presidente do Colégio de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos, a pandemia da COVID-19 está na base das justificações para o aumento.  O receio de ir aos hospitais, por os considerarem locais de risco de transmissão do vírus, e o facto da pandemia ter atrasado o processamento dos pedidos de regularização de imigrantes que, indocumentados, evitam também estes locais são algumas das justificações avançadas pelo especialista ao "JN".

João Bernardes alerta ainda para o risco de morte materna ser 25 vezes superior se o parto ocorrer fora do hospital. Segundo Nuno Clode, presidente da Sociedade de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal, é uma questão de prudência. "A grávida pode escolher um parto em casa, mas deve estar consciente do risco", diz ao "JN" acrescentando que "quando corre bem, é maravilhoso", mas já tem "visto situações dramáticas".