É oficial: Pedro Nuno Santos não só "é bué daddy", desginação que lhe foi atribuída nas redes sociais, como é o novo secretário-geral do Partido Socialista (PS). Depois de dois dias de votações, em que os militantes do partido se deslocaram às urnas para tomarem uma decisão, o candidato reuniu a maioria dos votos dos militantes, deixando José Luís Carneiro e Daniel Adrião pelo caminho.
As eleições para eleger o novo secretário-geral do PS decorreram esta sexta-feira e sábado, 15 e 16 de dezembro, e de acordo com a SIC Notícias, as federações de Braga e Porto foram essenciais para confirmar a vitória do ex-ministro.
Depois de, no início de novembro, António Costa se ter afastado do cargo de primeiro-ministro, após saber que estava a ser alvo de uma investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça no âmbito da "Operação Influencer", no qual estão em causa negócios relacionados com lítio e hidrogénio, José Luís Carneiro foi o primeiro a concorrer à liderança do partido – mas parece que Pedro Nuno Santos é a figura em quem os militantes do mesmo veem potencial.
No primeiro dia de eleições internas, que decorreu esta sexta-feira, 15 de dezembro, votaram 76% dos militantes que estavam habilitados para tal. E de acordo com dados não oficiais confirmados pelas candidaturas, Pedro Nuno Santos havia somado vitórias em Aveiro, Bragança, Castelo Branco, Évora, Federação da Área Urbana de Lisboa, Leiria, Guarda, Portalegre, Setúbal e Viana do Castelo, avança o "Diário de Notícias".
Este sábado, 16, o último dia de votações, decorrem as eleições nas federações do Algarve, Baixo Alentejo, Braga, Coimbra, Porto, Santarém, Viseu, Açores e Madeira, que acabaram por solidificar a vitória do candidato.
Mas, afinal, quem é Pedro Nuno Santos? Desde a sua formação à entrada na Assembleia da República, passando até pelos cargos públicos que já desempenhou, saiba tudo sobre o novo secretário-geral do PS, que se autointitula "neto de sapateiro e filho de empresário".
Do nascimento em São João da Madeira ao início da atividade política
Pedro Nuno de Oliveira Santos tem 46 anos e nasceu a 13 de abril de 1977, em São João da Madeira. É filho de Maria Augusta Leite de Oliveira Santos e de Américo Augusto dos Santos, empresário do ramo do calçado e equipamento industrial da sua cidade natal, e neto de sapateiro, como faz questão de referir nos seus discursos – do qual o de 13 de novembro, dia em que apresentou a sua candidatura à liderança do PS, é exemplo.
Aos 14 anos, o atual dirigente do PS iniciou a sua atividade política na Juventude Socialista (JS). Aliás, foi com essa mesma idade que entrou pela primeira vez na sede do Partido Socialista na sua terra natal, de acordo com a TSF, sendo lembrado por Jorge Sequeira, agora presidente da Câmara Municipal de São João da Madeira, por ter "uma garra e uma energia inimagináveis para um jovem daquela idade".
Aos 18 anos, o seu percurso acabou por culminar no seu primeiro lugar político como Presidente da Assembleia de Freguesia de São João da Madeira. "E foi um pouco disruptivo que tenha sido o Pedro Nuno Santos, com 18 anos, de cabelos compridos, a presidir à Assembleia de Freguesia de São João da Madeira", lembra o autarca da cidade, citado pela estação radiofónica.
Rumou até Lisboa para frequentar o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), onde se licenciou em Economia. Nesta mesma instituição, foi presidente da Mesa da Reunião Geral de Alunos e ainda membro do senado da Universidade Técnica de Lisboa. Concluída a licenciatura, ingressou no grupo empresarial da família, Grupo Tecmacal, SA., grupo de empresas de serviços e comercialização e desenvolvimento de equipamentos industriais, sediada em São João da Madeira.
O seu currículo é extenso
Pedro Nuno Santos acabou por se tornar vereador pelo PS na Câmara Municipal de São João da Madeira. Em 2004, chegou a ser secretário-geral da Juventude Socialista, cargo que desempenhou até 2008. Contudo, antes disso, conseguiu chegar à Assembleia da República em 2005, tendo sido eleito deputado pelo distrito onde nasceu nas X e XII legislaturas, segundo o site da República Portuguesa.
Depois disto, Pedro Nuno Santos não parou e seguiu-se a presidência da Federação de Aveiro pelo PS, entre 2010 e 2018. Entretanto, chegou a ser vice-presidente do Grupo Parlamentar do partido do qual, a partir deste sábado, 16 de dezembro, é secretário-geral, bem como coordenador dos deputados do PS na Comissão de Economia e na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso BES.
De 2015 a 2019, António Costa escolheu-o para desempenhar o papel de secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, onde teve a missão de fazer a ponte das negociações entre o Governo e os parceiros políticos da geringonça, o nome dado pelo então líder do CDS (Paulo Portas) ao governo socialista do primeiro-ministro demissionário.
O político foi ainda ministro das Infraestruturas e da Habitação até dezembro de 2022, cargo do qual se demitiu como consequência da polémica da indemnização de 500 mil euros recebida por Alexandra Reis, antiga administradora da TAP secretária de estado do Tesouro, entretanto demitida pelo ministro das Finanças, Fernando Medina.
E também tem algumas polémicas em seu nome
Pedro Nuno Santos esteve no centro de algumas polémicas, especialmente no último ano. A sua saída do cargo de ministro das Infraestruturas e da Habitação, que aconteceu em dezembro de 2022, foi motivada pela controvérsia em redor da TAP, particularmente por uma indemnização de 500 mil euros concedida à ex-secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis.
“Foi um prazer. Agora dêem-me descanso”, foi a frase polémica que proferiu aquando da tomada de posse de João Galamba, que viria a ser seu sucessor (e que, entretanto, também já foi afastado do cargo, no âmbito da "Operação Influencer"), no Palácio de Belém, segundo o "Jornal de Negócios". Mas o que é facto é que esta não foi a primeira vez que o seu cargo foi posto em causa.
Em junho de 2022, esteve à beira de ser demitido, depois de ter divulgado uma solução para o novo aeroporto de forma unilateral. Isto é, Pedro Nuno Santos propôs (e anunciou) a construção no Montijo até 2026 e o encerramento do aeroporto Humberto Delgado, sem a discutir previamente com António Costa. No rescaldo do episódio, assumiu "erros de comunicação" com o Governo e "falha na articulação", de acordo com a "Visão".
Além disto, até o próprio matrimónio já lhe trouxe problemas. O facto de ser casado com Ana Catarina Gamboa fez com que, em 2019, quando a mulher foi nomeada como chefe de gabinete do Secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, o Governo fosse alvo de acusações, por parte do PSD, de estar "enredado em teias familiares", lê-se na CNN Portugal.
Depois de o gabinete de Duarte Cordeiro defender a decisão com base nas qualificações da companheira de Pedro Nuno Santos, o próprio veio defendê-la no Facebook, com uma publicação em que dizia que "ninguém deve ocupar uma função profissional por favor, como ninguém deve ser prejudicado na sua vida profissional por causa do marido".