No que toca ao surto de COVID-19 em Portugal, e no mundo, as certezas são poucas. Afinal, a ciência está a ser feita em direto e as autoridades de saúde têm de se adaptar às novas informações que vão surgindo. Por isso, nem sempre é possível dar resposta a todas as perguntas e a todas as dúvidas.

E quando o assunto é o aumento de casos de infeção em Lisboa, há dois motivos prováveis que o explicam: o desconfinamento e o aumento de testes na região.

"Quantos mais testes fizermos, mais casos vamos identificar, o que não é preocupante no sentido de ser inesperado. Obviamente, a situação justifica que estejamos alerta porque o número de casos identificados não está a descer, mas sim a aumentar nesta região", explica Carla Nunes, diretora da Escola Nacional de Saúde Pública, ao jornal "Público".

De facto, na semana passada, o secretário de Estado da Saúde adiantou que a maior concentração de testes de despiste para o novo coronavírus estava na região de Lisboa e Vale do Tejo.

E Carla Nunes diz que o que está a acontecer nesta região é o registo de alguns surtos "em áreas urbanas, em settings ainda mais ou menos localizados, nomeadamente na construção civil e em algumas empresas", o que a leva a crer que a fatia da população contagiada não deverá ser problemática por ser relativamente jovem.

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"Quanto mais andar a circular, mais aumenta a probabilidade de a infeção chegar a grupos vulneráveis. Temos, por isso, que estar muito alerta e reforçar que não estamos a voltar à normalidade do passado. A responsabilidade de cada um tem de ser reforçada. Estamos a reabrir de uma forma diferente, e esta mensagem de ter ser reforçada", alerta ao mesmo jornal.

E continua."É a mensagem mais importante nesta fase. E a comunicação em saúde não pode ser feita de uma forma transversal e igual: uma coisa é falar com adolescentes, outra, com a população activa, outra ainda, com os mais idosos. E isto é um grande desafio."

No boletim epidemiológico desta terça-feira, 9 de junho, atualizado pela Direção-Geral da Saúde, Portugal registou 35.306 casos ativos de infeção por COVID-19 e  1.492 mortes.