Centenas de ventiladores comprados pelo Estado português desde o início da pandemia ainda não chegaram aos hospitais, apesar de já estarem no País. O Governo anunciou ter comprado cerca de 1200, contudo, com base no último relatório do primeiro estado de emergência da segunda vaga de infeções, pode-se concluir que, desde o início da pandemia, apenas 797 ventiladores foram destruídos pelos hospitais portugueses, avança esta segunda-feira, 14 de dezembro, a "TSF".

No relatório entregue a 2 de dezembro no Parlamento, o Ministério dos Negócios Estrangeiros acrescenta ainda que, contratados pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), já foram feitos 15 voos de Pequim para Lisboa permitindo o transporte de 1181 ventiladores para Portugal.

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Uma auditoria do Tribunal de Contas, realizada em julho, aos contratos sem fiscalização prévia relacionados com a Covid-19, contava 12 compras adjudicadas em março e abril, de um total de 1211 ventiladores. O Ministério da Saúde, liderado por Marta Temido, esclarece à "TSF" que nem todos os contratos relacionados com ventiladores e presentes no relatório foram executados "devido a constrangimentos resultantes da forte procura por este equipamento, o que provocou escassez nos mercados".  Estes constrangimentos levaram, segundo o Ministério, à impossibilidade de entrega de alguns equipamentos adquiridos, determinando o cancelamento de contratos com alguns fornecedores.

Questionado pela "TSF" sobre o porquê de 253 ventiladores continuarem sem funcionar no início de novembro, o gabinete de Marta Temido garante que a peça em falta não está relacionada com os contratos para compra de ventiladores, mas sim de "uma espécie de tomada/adaptador" para ligar o aparelho ao oxigénio. Segundo a mesma fonte, esta tem de ser adquirida em separado visto que depende do sistema de rede de oxigénio de cada hospital. O Ministério da Saúde esclarece que "à semelhança do restante equipamento para unidades de cuidados intensivos", se têm registado "dificuldades na aquisição" destas peças "devido à elevada procura global, resultante da pandemia".

A impossibilidade de compra de todas as "peças necessárias" faz com que os ventiladores estejam a ser distribuídos  "à medida que as peças vão sendo fornecidas e de acordo com as necessidades reportadas pelos hospitais e pela comissão", acrescenta a "TSF".