Da reunião no Infarmed desta terça-feira, 9 de fevereiro, o primeiro-ministro, António Costa, saiu com uma previsão sobre o futuro do confinamento: nunca acabará antes de meados de março,mas o mais certo é durar até depois da Páscoa, afirmou após ouvir os especialistas, de acordo com o jornal "Público",
Isto porque o domingo de Páscoa é a 4 de abril, o que significa que para evitar ajuntamentos familiares e um novo aumento de casos de infeção com COVID-19, o Governo está a ponderar alargar o confinamento até depois da celebração religiosa. Se as restrições se mantiverem mesmo até abril, este confinamento será ainda mais longo do que aquele que foi aplicado no ano passado. Segundo a estimativa do mesmo jornal, serão 73 dias — mais dez do que em 2020.
O cenário também foi confirmado pela ministra da Saúde, Marta Temido, à saída da reunião com presença de especialistas de Saúde, líderes partidários e outras figuras do Estado, reconhecendo a possibilidade de um confinamento geral de 60 dias (a contar de 15/20 de janeiro), após uma proposta de três cenários por parte de Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge: confinamento com escolas fechadas a 30 dias, 45 dias e 60 dias.
Entre estas hipóteses, o próprio especialista Baltazar Nunes considera que o confinamento de 60 dias será o ideal para conseguir "trazer os níveis de ocupação nos UCI para valores mais baixos: 300 camas ocupadas em UCI e 200 em abril", disse. No mesmo sentido, Marta Temido afirmou que concorda com este período de confinamento.
"Precisamos de garantir a estabilização dos resultados já alcançados, mas previsivelmente precisamos de um total de 60 dias de confinamento. É esse o horizonte temporal que os peritos partilharam" e que, na opinião de Marta Temido, é o necessário uma vez que "quanto maior a intensidade do confinamento, mais rapidamente decresce o risco de infeção", afirmou.
Portugal atingiu o pico de infeções a 29 de janeiro, no entanto, a pandemia ainda está longe de estar controlada, bem como a pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde — razão pela qual os especialistas e membros do Governo estão em acordo sobre a necessidade de prolongar o confinamento.
Contudo, apesar de se prever que o prolongamento do confinamento geral, o desconfinamento já começa a ser pensado pelos especialistas. "É fundamental que seja planeado, faseado e que se possa implementar de forma dinâmica e atendendo à evolução epidemiológica. A expectativa é que os números possam continuar a baixar, mas também temos de fazer por isso", afirmou o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, de acordo com o "Diário de Notícias".
Para isso, segundo o virologista do Instituto de Medicina Molecular, Pedro Simas, "a sociedade tem de cumprir as regras e as instituições "encarregues de fazer testes e rastreios que são essenciais para "bloquear as cadeias de transmissão".
O estado de emergência agora em vigor prolonga-se até às 23h59 de 14 de fevereiro e a próxima reunião dos peritos no Infarmed deve realizar-se dentro de 15 dias, com o objetivo de preparar a fase seguinte ao estado de emergência.
Portugal registou esta terça-feira, 9 de fevereiro, 203 mortes e 2583 novos casos de infeção pelo novo coronavírus.