Em 2019, a idade da reforma em Portugal está estabelecida nos 66 anos e cinco meses. No entanto, de acordo com uma investigação divulgada esta sexta-feira, 12 de abril, os portugueses podem ter de trabalhar até mais tarde para garantir a sustentabilidade do sistema de pensões.

Segundo um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (com a investigação entregue ao Instituto de Ciências Sociais de Lisboa pela fundação), está previsto que "o número de pensionistas cresça consideravelmente” — entre 2020 e 2045, este número deverá aumentar de 2,7 para 3,3 milhões.

Estes valores fazem crer que o aumento da idade da reforma até três anos será uma medida necessária, tal como reiterado pela equipa de investigadores: "Aumentar a idade de reforma parece ser a forma mais eficaz de minorar a necessidade de financiar o sistema com recurso a transferências do Orçamento do Estado”.

A redução da população ativa nacional foi outro dos pontos abordados no estudo. Chegou-se à conclusão que deverá existir uma redução de 37% desta população entre 2020 e 2070.

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Apesar deste facto, a investigação da Fundação Francisco Manuel dos Santos prevê que “o valor das contribuições para a Segurança Social cresça ligeiramente no período em análise, de 8,1% do PIB para 8,7%”, tal como noticiado pela TSF.

Porém, este crescimento das contribuições “não será suficiente para compensar a subida da despesa com pensões no Regime Previdencial da Segurança Social (RPSS), que deverá começar a registar défices crónicos a partir de 2027", refere o documento da investigação.

As consequências na saúde da população

Mas será viável que os portugueses trabalhem até aos 69 anos? “Eu não aconselharia. É certo que temos sempre de avaliar caso a caso mas, de uma forma geral, não aconselharia que se trabalhasse até tão tarde, o trabalho é sempre exigente”, explica à MAGG a médica de medicina interna Paula Pereira.

Paula Pereira é médica de medicina interna no Hospital Lusíadas Porto

De acordo com a especialista, “a partir dos 65 anos a nossa população já é considerada idosa, já estamos a falar de geriatria” e seria esta a idade ideal, na opinião de Paula Pereira, para parar de trabalhar.

A médica de medicina interna refere também que apesar de existir “um prolongamento de vida à custa de tratar infeções, cancros, doenças cardiovasculares, entre outras, e assim conseguirmos perpetuar o o fim de vida”, tal não quer dizer que seja positivo trabalhar até mais tarde.

“Não é bom estarmos a sobrecarregar um organismo que até já precisa de descanso e de alguma compensação, precisa de mais tempo para fazer algumas coisas e tem riscos de várias doenças a partir de uma certa idade”, explica Paula Pereira, que salienta que o risco aumenta quando falamos de pessoas com doenças crónicas como a diabetes, por exemplo.

A especialista refere que, em alternativa, uma redução da carga horária pode ser uma medida útil numa idade avançada. Em todo o caso, a partir dos 65 anos, “as pessoas precisam de cuidados e não de continuar a trabalhar e a prestar provas”.

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