Ainda não tinha chegado à Universidade Católica de Lisboa quando Mariana Félix Lopes, de 17 anos, estudante do primeiro ano do curso de Comunicação Social, soube que as paredes tinham sido vandalizadas esta sexta-feira, 30 de outubro, com mensagens racistas e xenófobas.
"Acordei já com mensagens num grupo de amigos a dizer que tinham vandalizado a faculdade. Depois, quando cheguei à faculdade, vi aquilo tudo e ainda não tinha sido nada feito", conta Mariana à MAGG.
A estudante de Comunicação Social e uma amiga decidiram dirigir-se à direção para dar conta da situação e foi então que as medidas começaram a ser tomadas.
"Por volta das 10h começaram a pintar os muros de branco", relata. Entretanto, Mariana Félix Lopes refere que recebeu um e-mail da Universidade Católica de Lisboa no sentido de condenar as frases que foram escritas a negro. Entre estas, agora apagadas, podia ler-se "por uma Católica sem escarumbas", "viva a raça branca", ou "fora com os pretos".
Entre os colegas mais próximos de Mariana todos mostram-se contra as mensagens escritas em redor da faculdade, mas a estudante revela que há quem se tenha mostrado a favor. "De fora, já ouvi um rapaz a dizer que não condenava porque eram 'escumalha'", diz Mariana Félix Lopes.
A situação suscitou na estudante de Comunicação Social uma grande revolta que a levou a partilhar a situação no Facebook, acompanhada de uma larga descrição a condenar as mensagens escritas na faculdade que frequenta apelando, por fim: "Não se calem, não deixem nenhum destes casos passar despercebidos, falem e façam acontecer, porque é mesmo por não se falar sobre isto que a extrema direita está a crescer em Portugal e no mundo".
A partilha também foi feita no Twitter, publicação essa que se tornou viral alcançando 1,3 mil retweets e 514 comentários. Entre estes há quem dê conta de situações semelhantes na Escola Secundária António Damásio, em Lisboa, e no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) — de onde também foram partilhadas fotografias.
Há ainda relatos de mensagens racistas e xenófobas nas Escola Secundárias da Portela, Olivais e Sacavém, que dão conta de frases como "Portugal é branco. Pretos, voltem para África" ou "fora com os pretos! Por uma escola branca".