O primeiro-ministro, António Costa, foi o convidado especial desta manhã de quarta-feira, 1 de abril, do "Programa da Cristina", e falou com a apresentadora sobre o estado atual do País, da reabertura das escolas, da economia e da época de Páscoa que se aproxima, e durante a qual não se podem baixar as medidas de segurança. Ao longo de 30 minutos, o chefe do Governo quis deixar uma mensagem de esperança, lembrando sempre a enorme incerteza que vivemos por estarmos a enfrentar um vírus que é ainda desconhecido.

Depois de deixar um agradecimento aos profissionais de saúde, pediu "confiança" a todos os portugueses, até porque ninguém sabe "se vamos estar assim um mês, dois meses, isso obviamente é assustador”.

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"O sonho que todos temos é o de que no final deste mês de abril começaremos a abrir um pouco as portas”, desejou o primeiro-ministro, lembrando que "ninguém sabe" se isso será possível. "Porque é que nós não sabemos? Porque é um vírus novo. Que os próprios cientistas não conhecem ainda, todos os dias vão conhecendo um bocadinho mais sobre o comportamento do vírus”. Até chegar esse momento é preciso que Portugal atinja o pico dos casos e que, depois, comece a descer regularmente o número de novos casos de infetados. "Ainda estamos na fase em que estão a aumentar os casos. Os últimos dias dizem que o ritmo de crescimento está menor, isso pode ser um bom sinal. Mas neste momento é perigosíssimo."

Uma das razões para a situação em Portugal não ser tão grave como noutros países tem que ver com o bom comportamento dos portugueses, muito elogiados por António Costa, que classificou essa atitude como "notável". "Se os nossos números são bons é graças à grande disciplina dos portugueses, porque nós não conseguiríamos ter um polícia em cada rua. "

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O que não pode acontecer na Páscoa?

António Costa aproveitou ainda a presença no programa mais visto das manhãs em Portugal para pedir a toda a gente para não ir à terra no período da Páscoa. "Não podem visitar os familiares que têm na terra. Temos que dizer aos nossos emigrantes: este ano não venham, fiquem. As famílias numerosas vão ter de estar juntas, mas separadas. Cada uma nas suas próprias casas e este não é ano para fazermos grandes almoços de Páscoa".

O que vai acontecer nas escolas?

António Costa não quis comprometer-se ainda com cenários de reabertura das escolas, até porque essa decisão vai ser tomada "só para a semana". "Dia 9 de abril vamos tomar a decisão sobre o que é que acontecerá ao terceiro período. Dia 7 há uma reunião especificamente com este objetivo. A abertura das escolas porventura acontecerá no início de maio." O primeiro-ministro garantiu que se está a trabalhar numa solução de "rede de segurança" para alunos do 10.º, 11.º e 12.º anos. "Nós não temos de perder anos, nós temos de salvar o ano, assegurando a todos a melhor justiça na avaliação e as melhoras oportunidades de terem acesso educativo."

O que vai acontecer com a economia?

Um dos problemas mais complicados do momento é o que diz respeito à Economia, em especial às pequenas e médias empresas. Para além das "medidas extraordinárias" entretanto apresentadas, o primeiro-ministro recordou que "há medidas de apoio que sempre existiram", acrescentado que nem todas as medidas extraordinárias são com recurso ao crédito. "Para os trabalhadores independentes as medidas que adotámos foram medidas que não existiam. As pessoas agora não têm de estar um ano com descontos e por isso é um pouco acima da média, dá cerca de 438€."

A terminar, o primeiro-ministro garantiu que os portugueses vão "sair desta situação com uma auto-estima coletiva mais forte", tendo no entanto a consciência de que "vamos sair mais pobres e frágeis do ponto de vista económico".