António Joaquim, que tinha sido absolvido de todos os crimes que envolviam a morte do triatleta Luís Grilo, marido de Rosa Grilo, foi na terça-feira, 8 de setembro, condenado pelo Tribunal da Relação de Lisboa a 25 anos de prisão, correspondendo 24 pelo crime de homicídio e um pelo crime de profanação de cadáver.

O tribunal anulou a decisão da primeira instância, concluindo que, afinal, António Joaquim esteve envolvido no homicídio, tendo sido o autor do disparo que matou o marido da sua amante, Rosa Grilo, em Vila Franca de Xira, em julho de 2018. Para os magistrados, Rosa Grilo não poderia ter cometido o crime sozinha porque, além de não saber usar uma arma (neste caso, uma 7,65 mm), não teria força para carregar o corpo do triatleta sozinha. 

Caso Rosa Grilo: Relação anula decisão e condena António Joaquim a 25 anos de prisão
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"Sendo o arguido o dono da arma e quem sabia manejá-la com destreza, contrariamente a Rosa Grilo que é totalmente inexperiente nessa matéria (...), não faz qualquer sentido que tenha sido esta a efetuar tal disparo, sendo possível afirmar com a necessária segurança que quem disparou foi o arguido António Joaquim", diz o Tribunal da Relação, citado pelo "Correio da Manhã".

O mesmo jornal dá mais pormenores relatados pelos juízes. António Joaquim terá disparado a arma, enquanto Luís Grilo dormia, tendo atingido o triatleta na cabeça. Depois, tanto António Joaquim como Rosa Grilo, desligara os telemóveis durante 20 horas, para que não ficassem registadas as suas localizações, tendo apagado as conversas que mantinham durante dois meses.

O acórdão terá ainda alterado factos que haviam ficado fixados pelo Tribunal de Loures, mais concretamente, no que se refere à forma como o corpo de Luís Grilo foi transportado para Avis. Segundo o Tribunal da Relação, os amantes terão colocado um saco do lixo na cabeça do triatleta de 50 anos, tendo, depois, "colocado outro saco embrulhado à volta da perna direita de Luís Grilo, que continha uma tatuagem." Depois, terão envolvido "o cadáver de Luís Grilo num edredão e ataram-no com uma corda", diz o acórdão, citado pelo mesmo jornal.

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Novamente, sublinha-se a impossibilidade de Rosa Grilo conseguir fazer tudo sozinha. "Trata-se de tarefas de alguma dificuldade, que exigem força física de quem as executa e que não se compadecem com a intervenção de uma só pessoa que, para além de ser mulher e ter de transportar um homem de constituição física robusta e atlética, com peso condizente com a sua estatura e que já estava morto, estava fisicamente debilitada", diz a Relação.

A isto soma-se o facto de o Tribunal considerar o crime premeditado: "Os arguidos elaboraram um plano com insensibilidade e indiferença pela vida do Luís Grilo, persistindo na resolução de lhe tirar a vida."

Entretanto, o advogado de António Joaquim, Ricardo Serrano Vieira, avançou ao CMTV que vai recorrer da decisão. "Estamos tranquilos e com a certeza de que se vai fazer justiça no Supremo. Isto não foi uma derrota, foi só um obstáculo que certamente iremos ultrapassar."