O Tribunal da Relação de Lisboa tem até 20 de setembro para decidir o recurso de Rosa Grilo e António Joaquim. Mas se a decisão não for conhecida até essa data, a mulher condenada a 25 anos de prisão por matar o marido, o triatleta Luís Miguel Grilo, esta sairá em liberdade. Se os juízes responsáveis por desembargar o caso decidirem a repetição do julgamento, este desce à primeira instância e Rosa Grilo é igualmente libertada.

Ainda que o Ministério Público se tenha pronunciado no Tribunal de Relação de Lisboa há mais de um mês, pedindo a condenação de Rosa Grilo e António Joaquim, aquele que é considerado um processo urgente continua sem data anunciada para ser julgado em tribunal, avança o "Correio da Manhã".

O facto de o Ministério Público exigir a condenação à pena máxima de António Joaquim, tal como Rosa Grilo, é um dos motivos para que o caso ainda não tenha transitado imediatamente para tribunal. Isso e o facto de haver decisões contrárias — a absolvição na primeira instância e a condenação do Tribunal da Relação. O recurso, portanto, passa para o Supremo Tribunal de Justiça.

As incongruências que Rosa Grilo usou para garantir que não matou o marido
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Até que seja conhecido o desfecho do caso, a viúva continua na prisão de Tires. O filho está aos cuidados da tia paterna depois de uma guerra pela guarda que a opôs aos pais de Rosa. Ao que se sabe, a criança recusa-se a estar com os avós e terá dito, quando foi ouvido em tribunal, que não queria ver mais a mãe por ter considerar que foi ela que o deixou naquela situação: sem pai e sem mãe, uma vez que foi presa.

Da primeira vez que o caso captou a atenção dos órgãos de comunicação social, foi apresentado da seguinte forma: Luís Grilo, o engenheiro informático que também era triatleta, tinha saído de casa a 16 de julho para um treino de bicicleta e nunca mais regressou.

Apesar de ter sido a única testemunha a vê-lo com vida, Rosa Grilo, a mulher, insistiu na ideia de que o marido tinha saído de casa e que lhe teria dito que pensava regressar dentro de duas horas. Quando o regresso se revelava cada vez mais improvável, ligou para as autoridades.

Desde o início que Rosa Grilo manteve e defendeu a tese de que, muito provavelmente, o marido teria sofrido um acidente que o teria impedido de regressar. Os amigos do atleta afixaram cartazes, Rosa participou nas buscas mas nunca fechou a loja de informática onde trabalhava com Luís — o que levantou suspeitas.
Mas a 24 de agosto, 39 dias depois do alerta, o desaparecimento transformou-se numa investigação de homicídio quando Luís foi encontrado sem vida a mais de 130 quilómetros de casa. O corpo estava em estado avançado de decomposição, totalmente nu e com um saco de plástico na cabeça.
Não demorou muito para que os agentes da PJ começassem a juntar as peças do puzzle. O facto de ter sido encontrado ADN de Rosa no saco e na corda usada para tapar a cabeça de Luís, levou a que fosse considerada uma das principais suspeitas juntamente com António Joaquim, com quem mantinha uma relação há algum tempo. Na casa de António foi encontrada uma arma com vestígios de ADN de Luís e ambos foram detidos a 26 de setembro.