É talvez uma das polémicas mais comentadas do momento nas redes sociais. Começou a 3 de setembro, quando se soube que Colin Kaepernick, jogador de futebol americano, seria um dos escolhidos para a nova campanha publicitária da Nike. "Acredita em alguma coisa, mesmo que isso signifique sacrificar tudo" era o texto que acompanhava a cara do jogador no anúncio publicitário, a preto e branco. Não tardou muito para que fossem várias as vozes a criticar a escolha da marca que, numa questão de horas, se viu envolvida no meio de uma onda de revolta com várias pessoas a queimar os produtos Nike que tinham comprado e a partilhar o vídeo do momento nas redes sociais. Desde então, já foi criada uma hashtag no Twitter chamada #BurnYourNikes, e até Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, já reagiu com duras críticas à empresa e ao jogador. Mas afinal, o que esteve na origem de toda a polémica?

Foi em meados de 2016 que Colin Kaepernick, na altura jogador dos San Francisco 49ers, uma equipa profissional de futebol americano da The National Football League (NFL), começou a ajoelhar-se ou a permanecer sentado sempre que o hino nacional dos EUA era tocado antes do início dos jogos. Segundo o jogador, este era uma forma de protesto contra a desigualdade racial e a brutalidade com que as forças policiais lidavam com a comunidade negra.

"Não me vou erguer em jeito de admiração ou orgulho por uma bandeira de um país que oprime e ostraciza a comunidade negra. Para mim, isto é muito mais do que futebol e seria muito egoísta da minha parte se simplesmente ignorasse", disse o jogador em entrevista à "NFL Media". As reações foram muito díspares: se houve jogadores que se mostraram solidários e aderiram ao protesto, houve outras pessoas que criticaram severamente a atitude — como fãs da modalidade que saíam dos estádios por não concordarem com o protesto.

A polémica parecia ter terminado quando, em 2017, Colin Kaepernick saiu dos 49ers e ficou desempregado. A polémica reacendeu-se agora. A campanha publicitária para a qual foi escolhido assinala o 30.º aniversário da ação "Just Do It", da Nike. Poucas horas depois do anúncio, o assunto dominou as redes sociais com vários utilizadores a organizarem o seu próprio protesto contra a decisão da marca. Desde fotografias de meias rasgadas, a vídeos de sapatilhas a serem queimadas, houve de tudo um pouco e não parecia haver limites para os ataques.

"Primeiro a NFL obrigou-me a escolher entre o meu desporto favorito e meu país. Escolhi o meu país. Depois a Nike obrigou-me a escolher entre os meus ténis preferidos e o meu país. Desde quando é que a bandeira americana e o hino nacional se tornaram ofensivos?", lê-se numa publicação de um utilizador do Twitter descontente com a decisão da marca.

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Também Donald Trump reagiu através da sua conta oficial de Twitter e não poupou nas críticas à organização e aos jogadores da NFL. "Tal como a NFL, cujas audiências têm caído a pique, também a Nike está a ser destronada com o descontentamento e os boicotes dos fãs. Pergunto-me se alguma vez pensaram que uma coisa destas poderia vir a acontecer. No que toca à NFL, acho que é difícil de ver e continuarei a achar o mesmo até se erguerem perante a bandeira", escreveu o presidente.

A imagem que deu origem a toda a polémica faz alusão aos protestos do jogador que o levaram a não ter acesso a mais nenhum contrato noutra equipa
A imagem que deu origem a toda a polémica faz alusão aos protestos do jogador que o levaram a não ter acesso a mais nenhum contrato noutra equipa

Seja como for, a verdade é que a ação publicitária está a ser um sucesso, apesar de o stock da empresa ter sofrido uma "quebra insignificante", segundo a revista "Quartz". "Os boicotes e os protestos podem ser apenas uma simples picada mas não irá afetar a empresa a longo prazo. Na verdade, a marca vai beneficiar e muito através desta campanha já que será capaz de atrair uma geração de jovens muito diversa que provavelmente não usava produtos Nike até então", escreve a mesma publicação.

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Seja como for, a verdade é que desde que Colin Kaepernick publicou a imagem publicitária na sua página de Instagram, a publicação já conta com mais de 1 milhão de comentários e 60 mil interações.

Mas não é o único rosto da nova campanha da Nike, que conta também com Serena Williams, a tenista que foi proibida de utilizar um fato completo, semelhante ao de um super-herói, em Roland Garros, em maio de 2018. A imagem publicitária faz-se acompanhar pelo mesmo tipo de texto inspirador, numa referência clara à tenista e ao tipo de fatos que usava nos jogos de ténis para promover a sua marca de roupa: "Podes tirar o fato a um super-herói, mas nunca lhe podes tirar os super-poderes."