Desde 1969 que o Super Bowl não era tão visto na televisão como em 2024. Há quem diga que o fenómeno se deveu ao facto de as duas equipas que lutavam pelo troféu, os Kansas City Chiefs e os San Francisco 49ers, serem das que mais fãs têm, tendo não só movido milhares de pessoas ao recinto como tendo feito também com que milhares de pessoas tivessem ligado a televisão naquele dia. No entanto, há quem diga que isto se deveu a algo completamente diferente: Taylor Swift. 

Pode ver a Super Bowl (e Taylor Swift) em direto por menos de 1€. Explicamos-lhe como
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A namorar com o jogador Travis Kelce desde julho de 2023, a cantora esteve presente no Super Bowl para apoiar o companheiro, e a verdade é que a sua presença não passou despercebida. Tanto que, na verdade, um estudo feito pela “Numerator” apurou que um em cada cinco dos telespectadores estavam a torcer pelos Chiefs por causa da relação assumida entre Taylor e Travis, e o “Efeito Taylor Swift” foi o nome dado a toda a situação. Se nas edições anteriores os telespectadores eram mais do género masculino, no ano passado isso mudou, e mães, filhas, namoradas e jovens no geral também começaram a acompanhar o desporto. 

E porque é que isto é importante? Porque na madrugada desta segunda-feira, 10 de fevereiro, joga-se a 59.ª edição do Super Bowl, onde vai estar, pelo terceiro ano consecutivo, Travis Kelce, e o jogo será contra os Philadelphia Eagles. Isto quer dizer que Taylor Swift também estará presente, e todo um novo fenómeno pode acontecer. À MAGG, o especialista na NFL e comentador da DAZN, Pedro Afonso, explicou como pode a cantora influenciar uma das ligas mais competitivas do mundo a longo prazo, e qual seria a reação do público se o casal, de um momento para o outro, decidisse acabar. Além disso, Pedro Afonso também explica o fenómeno Donald Trump, que estará, pela primeira vez na história de todos os presidentes dos EUA, presente no evento.

2024 foi o ano em que mais gente viu o Super Bowl desde 1969. Curiosamente, foi o primeiro ano em que Taylor Swift esteve nas bancadas a apoiar o namorado. Há quem diga que foi isto que influenciou.
Eu acho que o ano passado algo que também influenciou foi o facto de a equipa que jogou com os Chiefs ser uma equipa com muitos adeptos. Acho que o próprio embate com os 49ers no ano passado trouxe mais mediatismo do que provavelmente vai existir este ano. Mas algo interessante é que o jogo deste ano também já foi a final de há dois anos, portanto vai ser como uma vingança para os Chiefs, o que pode mobilizar as pessoas.

Na realidade da Taylor Swift, a verdade é que a Taylor este ano não tem aparecido tanto. O ano passado também houve muita polémica com o facto de ela aparecer muitas vezes, e a própria NFL e ela falaram sobre isso, que se calhar as pessoas se estavam a desfocar um bocadinho do jogo. Ela própria passou essa mensagem, que não gostava muito disso. Portanto, durante este ano, ela não foi a todos os jogos, e quando foi também não houve muito foco, portanto acredito que será assim também na Super Bowl. 

Uma sondagem feita pela Numerator apurou que um em cada cinco dos telespectadores estavam a torcer pelos Kansas City Chiefs por causa da relação entre Taylor e Travis. Alguns críticos disseram até, como o Pedro referiu, que a narrativa em torno de Swift desviou a atenção do jogo. Mas não terá a NFL beneficiado desta exposição?
Eu acho que a NFL, nesse aspecto, está a dar uma lição a muitos mercados. Porque a NFL é uma liga que, nestes momentos, não falha. Ou seja, eles aproveitam tudo. Tudo o que lhes pareça ter algum mediatismo, eles vão atrás. Por exemplo, no ano passado houve uma mulher que criou um casado personalizado para a Taylor, e a própria NFL percebeu que outras mulheres e outros jogadores também queriam esse casaco. O que é que fizeram? Criaram uma parceria com a mulher para fazer o merchandising daqueles produtos. Então, a NFL, nesse aspecto, é muito boa a trabalhar.

Mas eu acho que tem que existir um equilíbrio. Tem de existir um equilíbrio entre tentar perceber aquilo que um público mais mediático quer ver e aquilo que um público mais técnico, mais para o desporto, também quer ver. O que eu acho é que, obviamente, este público mais desportivo vai para as redes sociais falar mal do resto, vai fazer mais barulho, mas existem dois públicos e são os dois públicos que têm de ser agradados.

A verdade é que a presença de Taylor Swift acabou por aumentar a audiência feminina e jovem da NFL e, consequentemente, do Super Bowl. Como é que isto pode impactar a liga a longo prazo?
A longo prazo vai impactar bastante, especialmente na questão desse tipo público, tanto o jovem como o feminino. E isso também já foi mostrado em vários estudos nos EUA no ano passado, e até houve vários vídeos muito engraçados de adeptos dos Chiefs sobre isso. Como ganharam nos últimos dois anos, havia vídeos de adeptos a celebrarem, em 2023, de uma maneira, e em 2024 já era com a família toda, com a mulher e com as filhas. E, nesse aspecto, claramente foi o efeito do Taylor Swift que trouxe isso.

E eu acho que vai continuar durante os próximos anos. Foi o que aconteceu com o Tom Brady. Ou seja, houve o efeito Tom Brady, que estava a namorar com a modelo Gisele Bundchen, e desde aí que a sua equipa, os Patriots, também começaram a receber imensos fãs. E eu acho que o que vai acontecer com os Chiefs, que vão ter muito mais adeptos do que todas as outras equipas a longo prazo. 

O Super Bowl sempre foi conhecido, pelo menos fora dos EUA, por ser um grande evento de desporto com um espetáculo ao intervalo. O facto de Taylor Swift ter entrado neste mundo pode fazer com que a cultura pop e o entretenimento fiquem cada vez mais intrínsecos neste desporto?
Acho que a NFL sempre teve uma preocupação em procurar entretenimento e, dentro disso, diversidade, existindo mesmo uma política para isso. Isso podemos ver, não só com a Taylor Swift, mas com a Roc Nation, a empresa do Jay-Z, o marido de Beyoncé, que é a empresa que está responsável pelo Half Time Show. Eles procuram sempre outro tipo de mercados para dar a conhecer e, mais que isso, mercados que se identifiquem com a NFL, portanto acho que o entretenimento sempre foi intrínseco. 

O Super Bowl é um evento à parte como gostamos de dizer, e é encarado como isso mesmo. É desporto e espetáculo, sempre. E é um espetáculo também para os jogadores e para os treinadores, é trazer também as suas culturas. A maior parte das pessoas está ligada à cultura afro-americana e à cultura latina. E, portanto, faz sempre sentido ter artistas que representem isso. Mas isso acontece sempre, o Super Bowl é entretenimento.

E o que é que podemos esperar do Super Bowl 2025 no que toca a este namoro? Uma vez que toda a família de Taylor é dos Eagles, assim como grande parte da família do Travis.
Vai ser giro, toda a família da Taylor é dos Eagles, especialmente os pais dela, que na verdade também têm estado muito presentes nos jogos do Travis. E acontece o mesmo como a família do Travis, uma vez que o irmão, Jason, jogou quase a carreira toda nos Eagles. A mãe apoiou os Eagles durante muitos anos, então vai ser um jogo muito especial para o clã. Para toda a família. Vai ser interessante ver como é que vai ser criada a narrativa em torno das duas famílias. 

Mas se de hoje para amanhã a Taylor e o Travis acabassem, o que é que isso faria ao desporto? O interesse público baixava consideravelmente?
Não, eu acho que não. Até porque, caso eles ganhem, eles vão fazer algo que nunca ninguém fez, que é ganhar três vezes seguidas. E como o irmão Jason acabou a carreira o ano passado, o Travis pode fazer o mesmo este ano. A Taylor também já não tem a sua digressão, então eles podem ter mais momentos a dois, portanto acho que não baixava consideravelmente porque também existe a hipótese de ele próprio sair, e ele é um grande nome no desporto que também move muita gente. 

Ou seja, quer eles acabassem de hoje para amanhã, quer o Travis se reformasse de hoje para amanhã, o impacto não iria ser desastroso. Iria existir, claro, mas não seria muito grave. Aliás, quem começou a ver por causa disso mas acabou por ficar por realmente se interessar no desporto, vai ficar para ver os próximos capítulos. 

Um outro tópico importante este ano é a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA. Tradicionalmente, os presidentes não costumam comparecer no Super Bowl, mas Trump já confirmou a sua presença. O que é que isso pode representar?
Eu acho que é mesmo simbólico. Sinceramente acho que ele vai por uma questão pessoal, porque há muitos donos que são amigos dele e que têm negócios com ele. Também há a questão de ser em Nova Orleães, que foi onde se deu os ataques há pouco tempo, então ele também pode querer marcar presença para deixar claro que a cidade é uma cidade segura. Acho que é um bocado para demonstrar isso, para mostrar um bocado a força dos EUA neste momento.

No entanto, há sempre polémicas. Coincidência ou não, no dia em que se soube que o Trump ia ao Super Bowl, a conhecida frase que está gravada no relvado a dizer "End Racism" foi mudada para "Choose Love". Claro que isso já gerou polémica, porque o timing não foi o mais correto

A NFL já conta com um histórico de tensões neste aspeto, como os protestos de Colin Kaepernick aquando do movimento “Black Lives Matter”. Acredita que esta presença de Trump pode reacender debates políticos?

Não, acredito que não, até porque os jogadores estão bem preparados para esta questão. Há jogadores que vão continuar, certamente, a demonstrar as suas crenças, como nos seus capacetes ou nas suas celebrações. Mas não acredito que haja protestos, pelo menos durante o decorrer do jogo, porque os jogadores também têm um regulamento muito restrito. E portanto, se fizerem algo, será sempre no pré ou no pós jogo. Até porque sabem que vão estar prejudicar a sua equipa.

Há mesmo regras muito restritas neste desporto quando a isso. Os jogadores não podem, por exemplo, fazer festejos relacionados com algo sexual, eles têm a perfeita noção das consequências que existem. Estas duas equipas, então, sabem disso. Têm jogadores muito experientes, têm culturas e identidades muito próprias, portanto acredito que não haverá nada. Se fossem outras equipas, como a Detroit Lions, por exemplo, que está ligada a um lado mais de esquerda, talvez diria que poderia acontecer. Mas, assim, não.