Foi feita uma denuncia à Meta no domingo, 1 de dezembro, por parte dos projetos MiudosSegurosNa.Net e Agarrados à Net, que dava conta de um site que, com recurso a Inteligência Artificial, consegue “despir” qualquer pessoa numa fotografia. Apesar da denúncia, o site ainda está disponível e continua a ser publicitado no Facebook e no Instagram.
“No Facebook, aparece a publicidade com uma imagem animada por Inteligência Artificial, com uma mulher com roupa e que depois fica sem roupa. Apenas as partes íntimas estão ocultas. Se clicarmos no link vamos parar a uma página onde dá para carregarmos uma foto. Se esperarmos uns segundos, a pessoa da foto fica nua”, contou à MAGG Tito de Morais, fundador do projeto MiudosSegurosNa.Net.
Apesar de a pessoa da fotografia ficar nua, esta fica com as partes íntimas desfocadas, no entanto, é possível pagar uma subscrição mensal, trimestral, anual ou vitalícia para que a fotografia fique completamente focada.
E desengane-se quem pensa que isto pode afetar apenas os mais novos. "[O uso da Inteligência Artificial para este fim] pode afetar crianças, jovens e adultos. Qualquer um de nós pode ser afetado. Quer seja por brincadeira ou mesmo por uma ação mal-intencionada, podem partilhar a imagem como se fosse real ou, ainda, utilizá-la para chantagear, ofender ou humilhar”, acrescentou Tito de Morais.
Nas várias publicidades existentes para este site existem frases como: “Apaga as roupas dela. Carrega uma foto. Apaga as roupas de qualquer pessoa” ou “Vê-me nua gratuitamente. Esta aplicação espantosa pode apagar tudo!”, entre muitas outras.
Os projetos MiudosSegurosNa.Net e Agarrados à Net pediram à Meta que se “deixasse de vincular a este tipo de publicidade”. Ainda estão à espera de resposta por parte da empresa, mas reforçam ser muito importante que os governos tenham leis que responsabilizem as próprias plataformas, de forma a prevenir este tipo de situações.
Tito de Morais relembrou ainda a proposta do Bloco de Esquerda, que foi recentemente aprovada em Parlamento, para criminalizar este tipo de práticas, contudo a proposta de alteração do Código Penal ainda não está em vigor.
“Em vez de perderem tempo com medidas de eficácia duvidosa, restringindo as redes sociais a menores de 16 anos ou proibindo a utilização de telemóveis, era bom que os governos se preocupassem em responsabilizar as plataformas que aprovam publicidade que na prática incentiva a cometer um ato ilícito que afeta não apenas crianças e jovens, mas também adultos”, afirmou Cristiane Miranda, cofundadora do projeto Agarrados à Net, em comunicado.