O internamento de neonatologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, foi encerrado esta quinta-feira, 27 de julho, devido a um surto de uma bactéria multirresistente, a klebsiella pneumonieae, que já foi detetado há mais de uma semana. Esta bactéria é resistente a muitos antibióticos e pode provocar pneumonia, infeções na corrente sanguínea ou meningite.

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Os médicos viram-se obrigados a impedir a admissão de bebés e a transferir as grávidas que possam precisar que os recém-nascidos fiquem hospitalizados para cuidados neonatais. Dos 15 bebés internados, 13 estão positivos, estáveis, mas “muito dependentes dos cuidados médicos”. Dois bebés já tiveram alta, segundo o “Observador”.

Os “bebés positivos estão clinicamente estáveis”, garantiu uma fonte oficial do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) ao “Jornal de Notícias”, acrescentando que, por agora, “não há evidência de infeção, mas há colonização”, e que o grupo coordenador local do Programa de prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos do CHULN “está a acompanhar a situação de acordo com as normas da Direção-Geral da Saúde”.

Contudo, André Graça confirmou à RTP a morte de um recém-nascido positivo para a bactéria, mas não há dados para esclarecer se a morte esteve relacionada com o surto. “Os estudos post mortem mostraram presença da bactéria, mas não existe uma relação direta entre a bactéria e a morte da criança”, disse Álvaro Ayres Pereira, diretor do serviço de infeciologia do Hospital de Santa Maria, segundo o “Observador”.

Os bebés eram testados a cada dois a três dias e o serviço encerrou “de forma a evitar o contacto de bebés colonizados com bebés não colonizados”. O que “causa mais preocupação”, segundo André Graça, é o risco da bactéria causar doença, sendo que se trata de uma unidade de cuidados intensivos neonatais.

Quanto à transferência de grávidas em risco de terem bebés prematuros, André Graça afirma que o “sistema sempre funcionou desta maneira”. “Mesmo que alguns dos bebés tenham alta, vamos continuar sem conseguir admitir novos. O que acontece habitualmente é que garantimos que as grávidas e os bebés possam ser transferidos para hospitais com vagas disponíveis na rede”, explicou. Contudo, “em casos extremos, de grávidas que estão à porta do hospital em trabalho de parto, os bebés serão recebidos na ala de não colonizados”, segundo Álvaro Ayres Pereira.

A origem do surto ainda não é conhecida, assim como de que forma esta foi transmitida aos prematuros, segundo explicou André Graça, diretor do serviço, ao "Jornal de Notícias". É comum esta bactéria “surgir em vários hospitais em todo o Mundo”, mas é a primeira vez que é detetada no serviço de neonatologia do Hospital de Santa Maria.