Oito anos depois da morte de seis jovens no Meco, em Sesimbra, durante uma praxe, o tribunal de Setúbal decidiu absolver João Gouveia, o ex-Dux, e a Universidade Lusófona do pagamento de uma indemnização à família dos jovens, escreve esta quinta-feira, 14 de outubro, o jornal "Correio da Manhã".
"Foram considerados improcedentes os pedidos deduzidos nos autos pelos autores, absolvendo-se os réus", lê-se no despacho informativo da presidência do Tribunal Judicial da Comarca de Setúbal, citado pela mesma publicação.
A decisão é sustentada com base na "litigância de má fé por parte dos autores". Isto pode deixar em aberto a possibilidade de as famílias das vítimas virem a ser obrigadas a pagar uma indemnização compensatória a João Gouveia e à Universidade Lusófona, os visados das queixas.
A decisão do tribunal surge depois de o advogado que representa a família das vítimas ter pedido a condenação. Além de as famílias responsabilizarem o réu João Gouveia da morte dos jovens na praia do Meco, a defesa sustenta que "estão em causa o funcionamento da organização denominada COPA [Comissão Oficial de Praxes Académicas] no seio da ULHT [Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias] e atividades praxistas levadas a cabo ao longo dos anos", explicou, em abril, a defesa das famílias, em declarações à agência Lusa, citada pelo jornal "Observador".
O inquérito às circunstâncias da morte dos seis jovens — aberto quando o corpo de Tiago Campos foi encontrado um dia depois da tragédia — acabou por ser arquivado em julho de 2014 e reaberto em outubro do mesmo ano, altura em que João Gouveia foi constituído arguido.
Contudo, no ano seguinte, o caso não seguiu para julgamento, uma vez que, no entender do Tribunal de Instrução Criminal de Setúbal, bem como do Tribunal da Relação de Évora, as vítimas eram adultas e não tinham sido privadas da liberdade durante a praxe, deixando assim João Gouveia livre de responsabilidade criminal.
Ainda assim, o caso não ficou por aqui e foi então que os pais dos seis jovens, que perderam a vida em 2013, decidiram avançar, em 2016, com seis ações cíveis contra João Gouveia — o único sobrevivente daquela noite.