Foram cerca de 14 as raparigas institucionalizadas convidadas para participarem num evento organizado pela L'Óreal Professionnel e a apresentadora Maria Cerqueira Gomes, a propósito do seu movimento #joidevivre. O evento tinha o nome de Empowerment and Beauty Day e, enquanto Maria e a L'Óreal ficaram a cargo da beleza das convidadas, a psicóloga Filipa Jardim da Silva ajudou na questão do empowerment com um workshop de inteligência emocional.
A ideia da organização deste evento partiu da L'Óreal porque, depois de vários eventos relacionados com a moda, sentiu necessidade de começar a dar lugar à inclusão e responsabilidade social. "Já foram muitos os projetos que desenvolvemos até aos dias de hoje, muitos deles até mais ligados à imagem e à moda, mas temos vindo a perceber que podemos ter uma voz mais ativa perante projetos em que acreditamos e nos quais podemos fazer a diferença", afirma Maria Cerqueira Gomes à MAGG.
"Aquilo que se tentou aqui fazer foi sobretudo focar em estratégias da inteligência emocional e em estratégias de mindfulness, onde cada uma delas é convidada a pôr mais foco em si", explica a psicóloga.
É com estes recursos de o que é que pensam, o que é que sentem, o que é que o seu corpo lhes está a dizer, que aprendem a soltar-se da amarra que têm e conseguem fazer uma melhor gestão da sua vida. A atividade inicial do evento recorreu a imagens, palavras, fototerapia, autoelogios e elogios ao próximo, para que consigam contrariar a tendência do pensamento negativo e consigam perceber tudo o que têm de bom, e que é vísivel aos olhos das outras pessoas.
A L'Óreal escolheu este público alvo para o evento porque, apesar de ser uma realidade muito diferente da de Maria Cerqueira Gomes, encontravam-se lá mães adolescente que, provavelmente, se identificaram com a história de vida da apresentadora e que agora olham para ela como um exemplo.
"O objetivo deste workshop era, independentemente da sua história de vida e das suas circunstâncias, que as raparigas pensassem: 'Eu quero-me focar em mim, no melhor de mim, e sobretudo, naquilo que são os meus desejos e as minhas metas'", conta Filipa Jardim da Silva.
Segundo a psicóloga, o trabalho diário com estas raparigas passa por treinar a capacidade de flexibilidade mental, ou seja, elas sentirem que podem ter mais flexibilidade na forma como olham para si e para aquilo que as rodeia.
"Há muitas histórias que podiam ser partilhadas de miúdas que entraram em crianças em instituições e que toda a estrutura familiar, que tiveram da instituição, lhes deu uma sensação de pertença ao mundo em que vivem", explica a psicóloga. O sentimento de pertença é fundamental para qualquer pessoa porque quando nos sentimos integrados em algum sítio, os níveis de segurança, autoestima e autoconfiança aumentam.
"Acho que hoje durante a tarde ouvi histórias que me fazem pensar sobre tudo o que vivi. Acho que esse também tem de ser o meu papel, não apenas dar mas também receber, e acho que esta parceria com a L'Óreal vai começar a funcionar muito nesta perspetiva. Faz todo o sentido que seja assim", assegura a apresentadora da TVI.
"Há histórias em que se vê uma grande transformação", confessa Filipa Jardim da Silva. Segundo a psicóloga, atividades destas, conjugadas com outros fatores, podem ser um gatilho ou a peça que faltava para alguma destas raparigas olhar para si mesma de uma forma diferente.
"Eu olho para elas e, como gosto muito de observar, vi aqui diferentes posturas de formas de entrar na sala. Acho até que vou sentir que há miúdas que entraram de uma forma e que vão sair de outra. Com outra atitude perante a vida. Estou a falar de uma entrada e saída de uma sala, mas acho que é uma entrada e saída da forma de estar na vida, de uma forma geral", remata Maria Cerqueira Gomes.