2022 foi um ano repleto de tendências no âmbito da maquilhagem. Umas conquistaram-nos de imediato, outras obrigaram-nos a apalpar terreno até ficarmos convencidos e até houve outras que, ao nos terem apavorado de tal forma, fizeram com que fôssemos incapazes de nos converter.

À medida que 2023 se vai aproximando a passos largos, não pudemos deixar de nos questionar sobre o rumo que a maquilhagem vai tomar no ano que se inicia. E ninguém melhor para responder a estas (e outras) questões do que Natasha Denona, maquilhadora, fundadora e diretora criativa da sua marca homónima.

Natasha Denona leva 25 anos de experiência às costas. Construiu a sua carreira ao trabalhar ao lado de modelos e celebridades de peso, assim como a colaborar com fotógrafos de moda internacionais. Atualmente, a par de se manter ocupada com a sua marca, também tem uma academia, cujo objetivo é passar conhecimento para quem, como ela, quer aprender mais sobre este mundo mágico.

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o créditos: me@antonbistrov.ru

À conversa com a MAGG, partilhou as tendências de 2022 que quer ver para trás das costas, aquelas das quais não se quer desfazer em 2023, bem como algumas dicas para criar looks de maquilhagem dignos de noites de festa.

Tendências que vão, tendências que vêm

Natasha Denona é apologista do princípio de que "se algo te faz sentir bem, fá-lo", começou por explicar à MAGG. Esta afirmação foi seguida de uns segundos de silêncio, que não tardaram a ser interrompidos. "Mas claro que há coisas de que não gosto", acabou por admitir, espontaneamente, entre gargalhadas.

A mestria de Natasha Denona está alicerçada no princípio da naturalidade. Não é por acaso que a própria diz que "observar e estudar o rosto" é essencial para criar looks impecáveis de maquilhagem. E por terem contornado essa premissa, há certas tendências que mereceram o selo de desaprovação da maquilhadora.

É o caso dos lábios delineados de uma forma "super extrema" e, por isso, "pouco natural". Segundo Natasha Denona, este passo da rotina de maquilhagem já teve os seus 15 minutos de fama (temos de agradecer a Kylie Jenner por esse feito) e, na sua opinião, bem que podia permanecer em 2022.

"Fica a parecer que estiveste a comer chocolate ou algo do género, e que te esqueceste de limpar os lábios", frisou. "Eu acho que o melhor da maquilhagem é o facto de realçar feições que já tenhas, mas sempre de uma forma suave e convincente", continua, justificando a sua decisão.

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E essa razão também a levou a mencionar que a técnica de baking já não é fulcral na sua rotina. Esta prática, que consiste em matificar o rosto, colocando pó solto nas áreas sobre as quais foi aplicado corretor de olheiras, retira o brilho natural da pele. Uma vez que, em 2022, a "tez radiante ganhou imensa força", a maquilhadora considera que isso tem caído cada vez mais em desuso.

Por último, Natasha Denona não se esquece de frisar uma tendência que a deixou de cabelos em pé: "as experiências que as pessoas, nas redes sociais, têm feito com os produtos". Isto porque os utilizadores das redes sociais, especialmente do Tiktok, acharam que seria engraçado mergulhar os produtos em água, colocar sombras dentro de gloss para lhes dar mais cor e inúmeras outras peripécias.

Para a maquilhadora, estas brincadeiras foram "difíceis de ver". Além de "alterarem a fórmula e o funcionamento dos produtos", concebidos para cumprir uma determinada função, estas práticas podem torná-los mesmo "impróprios para usar" – é que as bactérias ganham abertura para "viverem dentro deles" e isso é prejudicial, frisa.

Contudo, o ano não foi apenas um poço de más tendências. Aliás, há várias que, ao terem tido sucesso em 2022, vão continuar vivas e de boa saúde em 2023, segundo Natasha Denona. E, ao contar à MAGG quais são, a sua expressão já evidenciava um ânimo exponencialmente maior.

Lembra-se do quão populares foram os tons rosa, tanto na roupa como na maquilhagem? Bem, parece que a tendência Barbiecore dificilmente vai arredar pé no próximo ano. "O rosa teve bastante expressão e vai continuar a ser tendência, nos olhos, nos lábios, em tudo", revela Natasha Denona.

O mesmo vai acontecer com a tez luminosa, que a maquilhadora defendeu com unhas e dentes, aquando da menção desonrosa ao baking. "Mas também vai haver espaço para experimentar outras coisas", enfatiza, acrescentando que "vai ser tudo sobre um equilíbrio entre o natural e o divertido". O que quer Natasha Denona dizer com isto? Nós explicamos.

Em 2022, chegámos à conclusão de que abusar na maquilhagem nem sempre joga a nosso favor – mas resulta, se for bem pensado. Por isso, houve um grande jogo de cintura no que diz respeito aos estilos, que conjugavam elementos arrojados com outros mais simples. E é exatamente isso que vai continuar a acontecer.

"Vamos ver looks que vão do mais natural ao mais glamouroso e até uma mistura dos dois – e  acho que isso não deve mudar", explica. Assim, os visuais "mais experimentais", nos quais se inserem as práticas do eyeliner gráfico, a utilização desmedida de brilhos e os grandes esfumados "não estão fora de questão", podendo ser o complemento divertido de qualquer maquilhagem.

Esta crença de Natasha Denona faz todo o sentido, se tivermos em conta que os locais de onde bebe inspiração são múltiplos. Da arquitetura à moda, passando pelos museus, os visuais e os produtos criados pela maquilhadora "são uma mistura de todos os mundos". "Eu posso ir a um museu, olhar para uma obra de arte e pensar: 'Isto dava um bom look de olhos'", conclui.

Dicas de maquilhagem festiva? Temos

O Ano Novo está mesmo ao virar da esquina e sejamos honestos: para entrar em 2023 com os níveis de confiança nos píncaros, basta usar uma maquilhagem de arrasar. Assim sendo, a MAGG pediu algumas dicas a Natasha Denona – e atenção, spoiler: os brilhos são mesmo incontornáveis.

"Esta altura do ano justifica o uso de brilhos", começa por frisar a maquilhadora. "As pessoas sentem-se mais confortáveis em incorporar esses elementos na maquilhagem e atrevem-se a fazê-lo", continua. Por isso, a primeira dica passa por não ter medo de usar sombras cintilantes até que a pálpebra lhe pese.

Rapidamente, Natasha Denona dirige-se ao móvel que se encontra atrás de si e retira de lá uma das suas paletas. E não demora a anunciar que se trata da Retro Glam Palette. Passando o dedo por uma ou duas sombras (e mesmo com um ecrã de computador a separar-nos), reluziam o suficiente para desarmar até quem não se deixa deslumbrar pelos brilhos.

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E isso conduziu-a à próxima dica. Saber o que vamos usar antes de nos começarmos a maquilhar "é essencial" – e a forma mais fácil de fazê-lo é "selecionando uma história de cores". Nesta altura do ano, há cores bastante características, o que é meio caminho andado para facilitar essa tarefa.

"No Natal e no Ano Novo, os verdes são uma boa aposta", assim como os dourados e os tons mais avermelhados, elucida Natasha Denona. E se não é fã de cores garridas, não desanime: pode sempre utilizar versões mais discretas e suaves. "Os verdes da Retro Glam Palette são num tom de sálvia, o que retira um bocadinho a ideia do Natal e faz looks mais modernos e festivos na mesma", exemplifica.

Mas a teoria é aplicável às restantes tonalidades, que podem ser articuladas entre si. "Combinar todas as cores sem parecer uma loucura nos olhos" é outra das dicas da maquilhadora, que também serve como premissa dos produtos que cria. "As minhas sombras podem ser usadas da forma que as pessoas quiserem, com as combinações que quiserem", conclui.

De uma coisa Natasha Denona tem a certeza: "a magia acontece nos olhos". Dar asas à imaginação, usando e abusando da cor e dos brilhos, é a aposta segura para entrar em 2023 com o pé direito – e pode fazê-lo com as paletas da maquilhadora, que pode encontrar à venda na Sephora.

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