O pico da segunda vaga da epidemia de COVID-19 já terá sido atingido em Portugal, entre os dias 18 e 21 de novembro. A garantia vem do engenheiro Carlos Antunes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que trabalha em parceria com o epidemiologista Manuel Carmo Gomes no aconselhamento científico ao governo, avança o "Observador".

"Estamos há três ou quatro dias a passar pelo pico e os dados de quarta-feira e de quinta-feira vieram consolidar isso mesmo", revelou o engenheiro ao mesmo jornal, que acredita que, a partir da próxima semana, o País começará a apresentar um menor número de novos casos de infeção por dia.

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"Vão começar a baixar paulatinamente, mas a taxa com que o vão fazer é que terá de ser monitorizada”, acrescentou Carlos Antunes, que explicou que o cenário ideal será que os novos casos de infeção pelo novo coronavírus baixem entre 2% e 3% diariamente para que o número reduzisse para metade em apenas 20 dias.

Se assim fosse, "no princípio de janeiro, estaríamos na ordem dos 1.500 casos" diários, garantiu o especialista. No entanto, Carlos Antunes deixou claro que este cenário só pode ser possível se as medidas restritivas, como o recolher obrigatório e a redução de contactos, se mantiverem.

As contas do especialista da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa indicam que o risco de transmissão (número de pessoas que cada infetado pode contagiar) está neste momento em 1,03. Questionado pelo "Observador" sobre a situação epidemiológica que Portugal estará a viver por altura do Natal, Carlos Antunes fala de "duas soluções que, atualmente, estão ajustadas ao pico".

"Se tivermos uma redução lenta, mas progressiva, na ordem dos 3% e então chegaremos ao Natal abaixo dos 3.000 casos e ao fim do ano na ordem dos 2.000 casos [diários]. Na outra solução podemos estar abaixo dos 1.000 casos se a redução for ainda mais célere, mas só o tempo o dirá", concluiu, sublinhando que tudo depende das medidas restritivas impostas à população pelo governo.

Para Carlos Antunes, "as medidas que têm vindo a ser aplicadas, sobretudo a do recolhimento obrigatório ao fim de semana, estão a resultar". "Se continuarem a ser consolidadas, pode ser que consigamos fazer descer os números numa taxa bastante significativa, mas ainda é cedo para falar sobre isso."

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"Do ponto de vista técnico, é preciso continuar a reduzir os contactos para minimizar os contágios. Se permanecermos neste estado, conseguiremos bons resultados. Obviamente que, se achatámos a curva e atingimos o pico, é porque conseguimos desacelerar e impedir que a infeção progredisse exponencialmente", afirma o especialista, que deixa um alerta. "Se aliviarmos as medidas, continuaremos neste planalto ou os número podem mesmo voltar a subir”.

Sobre as medidas preparadas para os próximos dois fins de semana que antecedem os feriados de dezembro, Carlos Antunes acredita que estas "farão toda a diferença" e que vão "causar impacto". No entanto, o especialista alerta que os efeitos só serão visíveis nos números a partir de 12 a 15 de dezembro."Esperemos que, nessa altura, já estejamos a caminho dos 3.000 casos, que seria o ideal".