O ator de 57 anos apareceu recentemente no podcast “The Diary of A CEO”, de Steven Bartlett, e falou sobre os abusos e traumas que sofreu em criança. Rainn Wislon, que interpretou Dwight Schrute na série de grande sucesso “The Office” exibida entre 2005 e 2013, revelou que, apesar de o seu talento cómico o ter ajudado na sua trajetória como ator, esteve 22 anos a fazer terapia para tentar resolver os danos causados à sua saúde.

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"Senti muita dor na minha vida e sofri muito com a ansiedade, a depressão e a dependência", explicou no podcast. Wilson contou que a mãe o abandonou antes de ele fazer dois anos e, depois de se ter mudado para a Nicarágua aos três, voltou com o pai para os Estados Unidos, e os dois estabeleceram-se em Washington.

No entanto, a sua casa sempre foi despida de amor. O ator descreve a sua infância na comunidade de fé Baha´i, onde se acredita que todas as grandes religiões do mundo foram reveladas por Deus em lugares e épocas diferentes, e revela que foi preenchida de raiva. O pai, Robert G. Wilson, não teve ele próprio uma infância feliz, marcada pelos traumas que sofreu, e Wilson acredita que foi devido a isso que o pai se tornou incapaz de fazer esse trabalho.

"É importante escavar e honrar a dor por que passámos, as mentiras que nos contaram, o gaslighting [manipulação emocional] a que podemos ter sido submetidos, o trauma religioso também, todos os tipos de traumas diferentes que sofremos", acrescenta. A estrela lutou com vícios, depressão e ansiedade até à idade adulta, e nem mesmo o sucesso de “The Office” conseguiu trazer a paz interior que ele tanto desejava. Wilson queria apenas mais oportunidades e mais dinheiro, o que fazia com que nunca conseguisse chegar à felicidade autêntica.

“Acordava às três da manhã a pensar porque é que deveria continuar a viver”, relata o ator norte-americano. A depressão e a ansiedade foram tópicos que Wilson falou abertamente durante o podcast, assim como a maneira como a representação chegou à sua vida e o impacto que sofreu com a morte do pai. No entanto, Wilson acrescenta que está agradecido por tudo o que experienciou até hoje. “Há um motivo pelo qual tantos comediantes têm um passado doloroso, porque é a comédia que muda a tua perspetiva sobre a dor e o trauma”.

Ainda assim, o ator sente-se bastante satisfeito por “The Office” ter trazido apenas coisas boas para as pessoas que assistiram. “Entrar num programa de televisão é uma das coisas mais difíceis do mundo”, acrescenta, e agradece pela experiência de ter ajudado, em conjunto com os seus colegas, a ter trazido paz, amor e inspiração às pessoas.

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Quando decidiu explicar por que razão optou por falar abertamente sobre o facto de não ter sido feliz enquanto gravava a série, Wilson acredita que o mais importante para os ouvintes é compreender que mesmo que alguém aparente estar bem, a fazer comédia e a garantir que os outros têm um bom momento, a saúde mental da pessoa pode não estar a sempre a 100%.

A versão norte-americana de “The Office”, protagonizada por Steve Carell, conta com atores como John Krasinski e Jenna Fischer no elenco. Apesar ter saído do ar há já uma década, foi o programa mais visto na Netflix durante a pandemia de COVID-19 em 2020, segundo o site Mail Online. As nove temporadas da série estão disponíveis na plataforma de streaming Netflix.