Marco Paulo morreu esta quinta-feira, 24 de outubro, aos 79 anos. O cantor de temas como “Eu Tenho Dois Amores”, “Ninguém, Ninguém” e “Maravilhoso Coração” lutava contra dois cancros, no pulmão e no fígado, sendo que este último era mais crítico. Em setembro deste ano, os médicos informaram que os tratamentos de quimioterapia seriam suspensos por não estarem a resultar e, atualmente, encontrava-se a repousar.
A MAGG reuniu cinco curiosidades que talvez não sabia sobre o artista, desde o seu nome verdadeiro – bem diferente do artístico – ao motivo pelo qual nunca assumiu publicamente um amor.
1. O nome verdadeiro do artista
Muitos artistas conhecidos adotaram nomes artísticos diferentes dos seus nomes verdadeiros. Além de Ágata, que é Maria Fernanda, Emanuel, que é Américo, Plutónio, que se chama João Ricardo, e Profjam, que é Mário, o nome verdadeiro de Marco Paulo é João Simão da Silva.
2. Marco Paulo lutou contra o cancro durante décadas
Marco Paulo foi diagnosticado pela primeira vez com cancro em 1996, no testículo direito, no mesmo ano em que apresentou o programa “Música no Coração”, na RTP. O tumor tinha “quase o tamanho de uma tangerina” e teve de o remover, tal como disse numa entrevista ao “Correio da Manhã”.
20 anos depois, em 2016, tornou público que lhe fora diagnosticado cancro da mama e que seria submetido a tratamentos. No final desse ano, revelou que o seu estado de saúde se tinha agravado com o diagnóstico de um tumor pulmonar, segundo o “Público”.
Em 2022, quando era atualizado sobre o estado do tumor pulmonar, descobriu o cancro no fígado. Em setembro deste ano, os médicos informaram que os tratamentos de quimioterapia seriam suspensos por não estarem a resultar. Como tal, o cantor encontrava-se em repouso em casa.
3. Participou em várias edições do “Festival da Canção”
Marco Paulo foi descoberto pela fadista Cidália Meireles, que fez parte do trio das Irmãs Meireles na década de 40 e que morreu em 1972, após ouvi-lo num ensaio com a cantora lírica Corina Freire e levá-lo ao seu programa, “Tu Cá, Tu Lá”, na RTP, em 1965.
No ano seguinte, participou pela primeira vez no Festival da Canção da Figueira da Foz com o tema “Vida, Alma e Coração”, de Eduardo Damas e Manuel Paião. Foi esta participação que o levou a ser convidado por Mário Martins, da editora Valentim Carvalho, para gravar o seu primeiro disco, um EP com os temas "Não Sei", "Estive Enamorado", "O Mal às Vezes é Um Bem" e "Vê".
Em 1967, levou ao Festival RTP da Canção o tema “Sou Tão Feliz”, de António Sousa Freitas e Nóbrega e Sousa. Em 1982 regressou ao certame com “É o Fim do Mundo”, de João Henrique e Fernando Guerra.
4. Nunca assumiu publicamente um amor
A vida amorosa do cantor manteve-se longe dos holofotes ao longo dos anos, nunca tendo revelado publicamente um amor. Em declarações à “TV Guia”, Marco Paulo esclareceu que a “culpa” é das fãs.
“Podia já estar casado. Ou não. Mas estou bem, ponho e disponho. Faço o que quero, não dou satisfações a ninguém. Na altura em que podia pensar na constituição de uma família, tinha sempre o problema das fãs que não queriam. Para já, não queriam que os artistas fossem casados. E como eu era sempre o cantor delas, o menino bonito, não foi possível. Se eu casasse, elas deixavam de ser minhas fãs”, justificou. Apesar de não ter filhos, era bastante próximo do afilhado, Marco António.
Na série biográfica “Marco Paulo – A História da Minha Vida”, exibida na Opto, a plataforma de streaming da SIC, a sua vida amorosa também não foi abordada. “Há sempre uma nuvem que paira sobre as grandes figuras que não falam da sua intimidade — e sobre a qual estão no direito total de não falar”, começou por dizer Manuel Pureza, realizador da série, à “NiT”.
“Por mais suspeitas que as pessoas tenham, ele não fala sobre isso. Eu não falei com ele sobre isso. Também me parece que mais ninguém chegou a essa questão porque não é confortável, sobretudo para uma pessoa que faz questão de não falar”, explicou.
Além da vida amorosa, também não abordou a relação com o afilhado. “Há coisas sobre as quais ele não fala. Tirando pessoas que tenham algumas provas, são tudo conjeturas. Não fala da sua intimidade, das suas relações pessoais, da sua relação familiar com o afilhado”, concluiu.
5. A mágoa com o pai, que não queria que este fosse artista
Marco Paulo tinha uma relação complicada com o pai, que já morreu, que piorou depois de seguir a carreira musical. Este nunca lhe deu um beijo. “O meu pai nunca me dar um beijo para mim deixou-me um bocado… a pensar, até. Eu tinha tudo da minha mãe, mas do meu pai não tinha nada”, disse à “Flash!”.
“Ele não queria que eu cantasse. Não queria artistas em casa. E recusou-se a beijar-me. Até que um dia, mais recentemente, antes de morrer, eu vou a casa deles e tentei dar um beijo ao meu pai. Ele estava doente e ainda me disse que não e mandou-me ir beijar a minha mãe. E eu disse-lhe: 'mas ó pai, eu sou seu filho'. E ele respondeu-me: 'está bem, mas beija a tua mãe'", contou.
O cantor não percebia o porquê de isto acontecer. “Ele nunca me disse porque é que não queria que o beijasse”, adiantou. “Eu achava aquilo tudo muito estranho. Ou era porque eu estava contra a vontade dele a fazer uma coisa de sucesso...”, continuou, acrescentando que em criança isso não acontecia e passou a acontecer depois de seguir música. “Em criança sim, mas depois, mais tarde, quando o contrariei ao vir para música e não ser empregado de escritório como ele queria, não”, disse.