Fernando Alvim sofre de défice de atenção. Numa entrevista intimista e focada na saúde mental concedida ao "Observador", a estrear brevemente, o conhecido locutor e apresentador português admitiu que este distúrbio, que descobriu fruto de um diagnóstico tardio, afeta a sua capacidade de concentração, foco e muitas áreas da sua vida.
"É muito difícil para mim estar focado, estar concentrado", confessou, como se pode ouvir nos excertos da entrevista, entretanto divulgados pela publicação. O radialista explicou ainda que tem de se munir de "manobras de distração" para conseguir dar a volta a tudo aquilo que o distrai.
Fernando Alvim aproveitou também para destacar como é que esta condição impacta diferentes áreas da sua vida. "É muito difícil nós lermos um livro até ao final", começou por explicar, acrescentando que o mesmo acontece com os cursos em que está inscrito – que vai deixando a meio, saltitando entre todos e não concluindo nenhum.
Além disso, não descura outro aspeto: "Se calhar, isso também se reflete na forma como eu tenho os meus amigos, as minhas relações", afirmou. "Eu acho que é assim sempre uma espécie de confusão generalizada. Sinto que vivo num turbilhão", continuou.
O locutor admitiu que, apesar dos sinais evidentes, não conseguia reconhecer a situação por conta própria – ainda que, em várias alturas da sua vida, o definissem como a personificação deste défice. "Estavam lá os sinais todos, mas eu não os via", afiançou, questionando-se sobre se, caso tivesse sido diagnosticado mais cedo, a sua vida teria sido diferente.
"A minha pergunta é: o que é que eu teria sido se isto se tivesse descoberto desde o início? Será que teria sido uma outra pessoa?" – são estas as dúvidas que pairam na cabeça de Fernando Alvim, que acrescentou que "gostava de ter tido uma consulta quando tinha 5 ou 6 anos", já que, se tivesse sido diagnosticado nessa época, tem a convicção de que a sua "vida tinha ido para um rumo completamente diferente".
Hoje com 49 anos, Fernando Alvim leva um currículo de peso às costas. O locutor soma já mais de 30 anos de carreira, que começou aos 13 anos na rádio, contando entretanto com muitos outros programas, como "Prova Oral", na Antena 3, ou "É a vida Alvim", do Canal Q. Além disso, é fundador e CEO da Cego Surdo e Mudo, uma produtora de espetáculos e eventos e editora que abriu portas em 2005.