Seis meses após a morte do pai, João Francisco Lima deu a sua primeira entrevista. O estudante de 22 anos, filho mais velho de Pedro Lima, é rosto de uma campanha de promoção da discussão em torno da saúde mental, motivo principal pelo qual acedeu conversar com Júlia Pinheiro.

Numa conversa franca, marcada pela esperança, o jovem explicou que, após a morte do pai, começou a colocar as suas necessidades em primeiro lugar. "Tornei-me uma pessoa mais virada para mim, mais preocupado comigo. Comecei a ceder mais àquilo que eram as minhas vontades e necessidades e a não hesitar tanto em deixar as outras pessoas de fora daquilo que eram as minhas decisões", contou.

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João Francisco descreve a perda do pai como "um trauma muito forte" e explica que faz questão de não esconder os momentos menos bons. "Não estou bem, como é óbvio, e sinto-me bem em não estar. Isso é uma das coisas que tento passar às pessoas que estão à minha volta. Eu comecei a tentar ter uma voz um bocadinho mais ativa no que é esta dinâmica à volta da saúde mental e isso começa por eu ser coerente com aquilo que estou a tentar passar às outras pessoas. Isso passa por assumir que não estamos bem", salienta.

Questionado por Júlia Pinheiro sobre se se apercebeu do estado psicológico do pai nos tempos que antecederam a sua morte, João Francisco explica que a tristeza era motivo de conversa entre os dois e que se apercebeu desse sofrimento. "Agora nestes últimos tempos, sim. Sentia e ele partilhava comigo. Ele dizia que estava triste, que se sentia preocupado, desanimado. Daí eu tirei um bom exemplo", considera.

A tentar trilhar o seu "caminho", e com planos para regressar a Roterdão, onde está a tirar mestrado, o filho mais velho de Pedro Lima admite estar "triste". "Tenho um sentimento de falta muito grande. De saudade, como é óbvio. Mas continuo com o foco no sítio certo. Estou a tentar fazer o meu caminho porque a única coisa que eu posso fazer é aprender com a situação que aconteceu e tentar reagir da melhor forma possível. Isto traumatizou-nos a todos, mas eu tenho uma vida toda pela frente", salienta.

"Relembro o meu pai sempre com um sorriso e sem qualquer tipo de culpas"

Durante a entrevista com Júlia Pinheiro, emitida esta tarde na SIC, João Francisco Lima revela que, tal como a família, está a ter acompanhamento psicológico. "Faço questão de, quando estou com as pessoas à minha volta, dizer que tenho consulta com a psicóloga. Faço questão de verbalizar esta ação, no sentido de a normalizar".

Além da parceria com a marca Ivory, cuja concretização é uma linha de vestuário que serve de alerta e sensibilização para a questão da saúde mental, João Francisco eternizou o pai no seu corpo, na forma de uma tatuagem. "Fiz uma tatuagem com a última imagem que ele partilhou nas redes sociais. É uma imagem que o representa muito, que é ele a correr para o mar. Era no mar que ele encontrava o seu equilíbrio, o seu espaço", relembra.

João Francisco descreve o pai como "uma pessoa muito dedicada aos outros". "Era um agregador nato. É uma coisa que eu faço questão de levar dele, de agregar os que estão à minha volta. Tatuei a imagem dele. Agora ele pode continuar a correr para o mar", diz o jovem, acrescentando ainda: "Relembro o meu pai sempre com um sorriso e sem qualquer tipo de culpas".

Pedro Lima morreu a 20 de junho de 2020, aos 49 anos. João Francisco é o filho mais velho do ator, fruto do casamento com Patrícia Piloto. Da segunda relação, com Anna Westerlund, nasceram quatro filhos: Ema, de 16 anos, Mia, de 13, Max, de 10 e Clara, de quatro.

joao francisco lima
créditos: Instagram