Leo Middea é um dos doze finalistas do Festival da Canção 2024 com o tema “Doce Mistério” e, por ser totalmente em português do Brasil, o artista brasileiro está a ser alvo de críticas, assim como a RTP por permitir a sua participação. O cantor já se manifestou nas redes sociais sobre os discursos de ódio que está a receber e algumas figuras públicas têm saído em sua defesa.

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“Desde sábado, os discursos de ódio têm aumentado muito. Saibam que isso só me gera mais força, porque batalhei muito para chegar aqui. Eu amo Portugal e tem pessoas incríveis que me apoiam desde o dia em que cheguei aqui há 7 anos, e não é à toa que um dos meus principais públicos atualmente são portugueses”, começou por dizer Leo Middea, que foi apurado para a final do Festival da Canção, que se realiza este sábado, 9 de março, na segunda semifinal do programa no último sábado, 2.

“Minhas músicas falam sobre Portugal. De janeiro a março desse ano já foram 17 shows em 5 países onde o público variava entre brasileiros, portugueses, alemães, holandeses, belgas, ingleses, espanhóis, italianos. E foi bonito ver todas essas nacionalidades cantando as praias e os bairros desse País (como as canções: ‘Banho de Mar’, ‘Freguesia de Arroios’ e ‘Bairro da Graça’). Eles sabem que o céu de Lisboa é bonito demais [‘Have you ever seen the sky of Lisbon, Lisbon, today my love?’]. Cantar Portugal para o mundo é bonito, como também canto o Brasil para o mundo com toda a mistura de ritmos que existem dentro do meu próprio país”, continuou.

O artista brasileiro reforçou que “celebrar a diferença é lindo”. “O amor pela música é maior que qualquer ataque. O multiculturalismo é de uma beleza sem tamanho e o intercâmbio entre ritmos e sotaques é valioso. Que a gente possa, cada vez mais, poder compartilhar música pelo mundo, com todas as suas singularidades, com um grande abraço e sem preconceitos”, apelou numa publicação nas redes sociais.

Leo Middea partilhou também alguns dos comentários de ódio que tem recebido. “Estou parva. Meteram uma música 100% brasileira no nosso festival de música portuguesa. Para o ano vamos ter funk de favelas no festival?”, “vais representar o Brasil? Em Portugal não és bem-vindo”, “quer cantar com esse sotaque nojento, que vá representar o seu país que é o Brasil” e “absolutamente vergonhoso” são alguns exemplos.

Várias figuras públicas apoiaram o artista. “Querem todos falar de sotaque brasileiro no festival, mas quando o Pepe jogou pela seleção estavam todos contentes, não é meus líricos do vale? Só são de fora enquanto não são do vosso interesse. Gritam aos quatro ventos que somos os descobridores e os aventureiros, quando invadiram, mataram, e agora falam do quê? O mundo é de quem é do mundo. Somos todos uma mistura de todos os cantos. Ignorância só. Pura. A música é, entre outras coisas, a celebração da pluralidade cultural, e é incrível que faças parte disto Leo. Não deixes que o ódio manche o que te faz acordar todos os dias de manhã”, escreveu Carolina Deslandes.

“Esse hate vai transformar-se em amor e ainda ganhas isso”, comentou Salvador Sobral. “Leo, pobres os que não são livres”, deixou Irma. “Leo, a mim, a tua canção só me trouxe alegria e sentido de comunhão. E que bom ver-te a a dançar. Tão simples e tão leve num festival tão sério”, escreveu A Garota Não.