Heston Blumenthal é um dos nomes mais conhecidos do mundo da gastronomia. Para os leigos, mas interessados por cozinha, a cara do chef britânico de 58 anos pode ser-lhe familiar devido à presença constante em programas de cozinha, incluindo participações como jurado convidado numa das edições do "MasterChef Austrália", programa transmitido na SIC Mulher.

Agora, depois de anos a trabalhar no ambiente competitivo e avassalador do mundo da alta cozinha — até porque Heston Blumenthal é o chef do Fat Duck, um restaurante com três estrelas Michelin no Reino Unido —, o famoso cozinheiro foi diagnosticado com doença bipolar, que só foi descoberta após ter sido internado contra a sua vontade num hospital psiquiátrico pela mulher, Melanie Ceysson.

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"Foram precisos mais do que uns quantos episódios de comportamentos maníacos da minha parte para a minha mulher me pôr no hospital. Chegou ao ponto em que se ela não tivesse feito alguma coisa, eu não estaria aqui", disse Heston Blumenthal numa entrevista ao "The Times".

O momento crucial chegou em novembro de 2023, uma altura em que o chef estava numa rota de destruição: Heston Blumenthal trabalhou 120 horas por semana durante 10 anos. "Sentia que não tinha escolha", disse numa entrevista ao "Newsnight", tudo para manter o ritmo frenético no mundo da restauração e as expetativas que tinham em relação ao seu trabalho. O britânico já reúne três estrelas Michelin, sendo que ganhou a primeira em 1999, a segunda três anos depois, e completou o trio em 2004, aos 37 anos.

"O restaurante era recente e eu levantava-me às 5 horas da manhã, ia para a cozinha e só ia embora à meia-noite", referiu o chef, acreditando que este ritmo de trabalho mascarou a bipolaridade. "Por causa disto, acho que nunca veio ao de cima quando eu estava a trabalhar na cozinha."

Na mesma entrevista com o "The Times", o chef interrogou-se sobre o peso que a doença teve nas poucas horas de sono e na vida que levava. "Não sei em que medida é que a bipolaridade contribuiu para semanas em que dormia umas 20 horas no total. Porque uma característica clássica da doença é que, na fase maníaca, é como se estivesses a vomitar ideias. É tudo excitante e fantástico e não queres que pare."

"Ainda estou a aprender a lidar com isto"

Cerca de um ano depois do diagnóstico, em novembro deste ano, Heston Blumenthal tem dado uma série de entrevistas sobre a a doença, algumas delas com a presença da mulher. Numa destas conversas, neste caso com a BBC, o chef britânico salientou que ainda está tentar adaptar-se à nova realidade.

"Ainda estou a aprender a lidar com isto, agora faz parte de quem eu sou", disse Heston Blumenthal. A mulher do chef, Melanie Ceysson, referiu que há muito estigma à volta da bipolaridade e que "nem tudo é sobre perigo e violência".

O chef britânico falou também sobre o período que passou internado no hospital. "O hospital psiquiátrico foi basicamente como uma prisão. Foi horrível. Depois das primeiras duas semanas, mudaram-me para outra ala, que já era um sítio maravilhoso, super calmo”, disse Heston Blumenthal, que salientou que esteve internado durante dois meses.