Um ano depois de se ter assumido como fã de Hitler e de ter proferido comentários antissemitas, Kanye West, agora conhecido como Ye, retratou-se. Esta terça-feira, 26 de dezembro, o rapper norte-americano voltou ao Instagram, depois de uma longa temporada de hiato, e pediu desculpa à comunidade judaica.
"Peço sinceras desculpas à comunidade judaica por qualquer indignação causada pelas minhas palavras ou ações. Não tinha intenção de ofender ou desrespeitar e arrependo-me profundamente de qualquer dor que possa ter causado", escreveu o músico nas redes sociais, em hebraico. O pedido de desculpas chega poucos dias antes do lançamento do seu novo álbum “Vultures”, previsto para 12 de janeiro, que até vai contar com uma colaboração com a filha, North West.
No rescaldo da publicação de Ye, a Liga Anti-Difamação (ADL), um importante grupo americano que luta contra o antissemitismo, aceitou o pedido de desculpas, mas deu a entender que vai ficar atenta ao que o rapper fará no futuro. "As ações falarão mais alto do que as palavras, mas este primeiro ato de contrição é bem-vindo", comentou a associação.
Os comentários de cariz antissemita proferidos pelo músico, que sofre de bipolaridade, começaram a circular em outubro de 2022, depois de ter começado a usar o Twitter (agora X) para difundir as suas mensagens. O rapper pegou no termo militar “defcon 3”, que remete para um estado de alerta militar nos Estados Unidos que permite um uso de força acima do necessário, e relacionou-o com a comunidade judaica.
Em dezembro, a polémica não parou. "Eu gosto de Hitler" e "Eu vejo coisas boas sobre Hitler também" foram algumas das afirmações explosivas que proferiu numa entrevista ao portal "Infowars", em que também participou o supremacista branco Nick Fuentes. Além disso, quem trabalhava com o artista dizia que este era obcecado pelo ditador alemão, tendo até chegado a querer ter um álbum em nome do mesmo, avança a "CNN Entertainment".
“Ele elogiava Hitler e dizia que era incrível que ele tenha sido capaz de acumular tanto poder, e falava sobre todas as grandes coisas que ele e o Partido Nazi conquistaram para o povo alemão”, disse um empresário que já havia trabalhado para o cantor à mesma publicação. A par disto, "falava abertamente sobre a leitura de “Mein Kampf” ("A Minha Luta"), o manifesto autobiográfico de Hitler de 1925, e expressava a sua "admiração" pelos nazis.
Ainda que se achasse intocável pela indústria, a sua retórica antissemita teve consequências, levando uma panóplia de marcas, das quais a Balenciaga e a Adidas são exemplo, a encerrar as colaborações com o rapper. Sem a Adidas, que correspondia a 1,5 mil milhões de dólares da sua fortuna (cerca de 1,4 mil milhões de euros), o artista perdeu o estatuto de multimilionário, que adquiriu em 2020.
As atitudes do rapper também culminaram no seu divórcio de Kim Kardashian, com quem se casou em 2014. O par separou-se em 2021 e o divórcio foi oficializado no ano seguinte. Em conjunto, o casal tem quatro filhos: North, 10 anos, Saint, 8, Chicago, 5, e Psalm, 4 – tendo estes dois últimos sido concebidos via gestação de substituição.