Ljubomir Stanisic continua a dar a cara e voz por todos os profissionais do setor da restauração, e não só, que têm vindo a ser bastante afetados com as novas medidas impostas pelo governo.

Esta quarta-feira, 11 de novembro, Ljubomir partilhou através da rede social Instagram uma imagem que considera descrever a situação atual. "São ovelhas mas podiam ser bodes. Porque é assim que nos sentimos: o bode expiatório no meio desta merda toda", começou por referir o chef assumindo que desde o início da pandemia, a restauração tem vindo a cumprir todas as normas de higiene para evitar a propagação do vírus. Ljubomir não esconde a revolta e na mesma publicação questiona: "quem faz este papel nos transportes públicos que seguem à pinha em hora de ponta? Nos comboios, no metro, nos autocarros? Quem faz este papel nos supermercados? Alguém?". O profissional do setor da restauração confessa que nunca viu e remata: "Mas claro, a restauração que aguente. A restauração que cale. A restauração que feche. Em direção ao precipício, a acenar-nos com falsas medidas e a esperar que nós, as ovelhas, sigamos em linha reta e em silêncio. Foda-se".

Também esta manhã, o chef foi um dos convidados do programa da SIC "Casa Feliz". Através de uma videochamada, o chef jugoslavo expôs, mais uma vez, a sua opinião a Portugal.

"Estamos a passar uma fase que para mim e para o país inteiro é historicamente a fase mais complexa e mais dura desde sempre. Estamos num sofrimento gigantesco", começou por dizer referindo-se não só aos restaurantes. "No último trimestre, perderam-se 50 mil postos de trabalho só na restauração, não falando dos hotéis, bares e as novas normas que o governo nos impôs não conseguem ajudar rigorosamente ninguém", afirma.

Segundo Ljubomir, este setor investiu em tudo o que foi necessário e está a cumprir todas as normas, o que não acontece em muitos casos. "O próprio governo está-se a contradizer e está-nos a afetar a todos", refere-se ao facto de terem sido obrigados a reduzir cerca de 50% da ocupação, o que cumpriram, mas também ao facto de terem de continuar a pagar 100% dos impostos, todas as rendas e ordenados. "Se alguma norma que nos é aplicada nos abrigada a cortar então que faça favor também de nos apoiar e ajudar nesta fase", pede.

Ljubomir Stanisic
Ljubomir Stanisic foi convidado do programa "Casa Feliz" para expor a sua opinião créditos: casafeliz/Instagram

A situação atual representa uma grande quebra para o setor e está a causar grande parte do desemprego e, segundo o chef jugoslavo, quem fica mal visto são os proprietários que são obrigados a despedir, e não o governo. Até hoje, Ljubomir conseguiu não despedir nenhum empregado, mas confessa que não renovou muitos contratos.

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"Foi comunicado hoje de manhã os apoios para os restaurantes e cafés de oito mil euros. Eu pergunto se, com oito mil euros, consigo resolver alguma coisa. Eu prefiro que o governo pegue nesses oito mil euros que quer dar para cada restaurante e que distribua para pessoas que estão desempregadas, pessoas que têm fome, agregados de família que não têm trabalho e que ajude nas limpezas de autocarros porque oito mil euros não servem para nada. Literalmente, nós, a restauração, estamos a servir como papel higiénico e estamos a esfregar o cu do primeiro ministro ou do estado que não nos está a ajudar", afirma revoltado, acrescentando que, até ao final do trimestre, devia haver, pelo menos, isenção de pagamento de iva. A nível das rendas, considera também que o governo devia dar apoio.

"Nós precisamos de um abre olhos rapidamente porque 46 mil postos de trabalho estão em risco esta semana", afirma.  Para além disso, as ajudas deviam ser dadas consoante as necessidades de cada estabelecimento. "Tu não podes distribuir 100 euros por cada casa num prédio se numa casa vivem 20 pessoas e noutra vive uma", exemplifica.

Para Ljubomir, com as novas medidas, "parece que é a restauração que está a provocar esta crise de saúde geral", o que considera "ridículo". "Nós cumprimos as regras todas que particamente cumpre um hospital para não se espalhar a covid".

Ljubomir Stanisic aproveita a conversa com João Baião e Diana Chaves para deixar um apelo, não só aos proprietários, como também aos funcionários: "Queria dar um apelo a todas as pessoas, a não baixarem os braços, temos de ser fortes. Porque em todos os países apoiaram estas empresas e o nosso país ainda não apoio. Se continuamos calados não vamos ter apoios e não vamos conseguir chegar a lado nenhum, por isso, unam-se. Temos de estar juntos e temos de continuar a lutar pelos nossos direitos, não baixar armas porque vamos continuar a pagar ao estado, porque vamos continuar a pagar os impostos para o estado se levantar. Nós estamos juntos com o governo, queremos apoiar, mas ele primeiro tem de nos apoiar a nós porque até hoje nunca falhámos nenhuma obrigação com o governo".