A mais recente convidada de "Alta Definição", o programa de conversas intimistas da SIC, foi Luana Piovani. A atriz e grande aposta da estação para a série da OPTO "O Clube" aceitou o convite de Daniel Oliveira e a conversa, que tocou em detalhes íntimos do passado da atriz, foi exibida na tarde deste sábado, 22 de janeiro.
Com a honestidade na linha da frente, Daniel Oliveira arrancou a conversa com as alegadas polémicas que a atriz de 45 anos protagoniza. Luana Piovani revela que "as pessoas utilizam as palavras de uma forma errónea" e admite que o facto de dar a sua opinião, dizer o que pensa e exigir respeito causa medo e estranheza aos outros.
"Primeiro, acho que não é polémico uma pessoa emitir a sua opinião. Segundo, emitir a opinião sobre um assunto relevante. Acho polémico, por exemplo, o Brasil ter passado por toda essa tragédia, que aconteceu agora com as enchentes, e o nosso presidente estar de férias. Agora, emitir uma opinião sobre assuntos corriqueiros não pode ser polémico", remata, em relação ao título de "rainha da polémica", que recebeu da imprensa brasileira.
"As pessoas são criadas para serem rebanhos"
"Eu não sou um jornal, sou apenas uma atriz, mãe, que tem uma opinião". Luana Piovani frisa que quando a opinião que partilha publicamente não vai ao encontro dos ideais da maioria, a dúvida instala-se.
Principalmente, quando assume ser boa no que faz, sem medo das repercussões. A atriz, que veio recentemente viver para Portugal, garante que nunca teve medo de ser quem é, mas que tem noção do motivo pelo qual a postura que adota é, tantas vezes, mal interpretada.
"As pessoas são criadas para serem rebanhos. Para serem pares, não ímpares. As pessoas confundem humildade com modéstia. Reconheço o meu lugar de limitada, de humana, de quem precisa do outro para viver em sociedade, e de quem quer aprender ainda muito. Sou humilde, mas não sou modesta", explica
Recorde-se de que, final dos anos 1990, Piovani encontrava-se no auge da sua carreira e chegou mesmo a ser considerada a mulher mais sexy do mundo. No entanto, em entrevista, admite que, mesmo com títulos deste teor, nunca se deixou fascinar pela fama, antes pelo contrário. A atriz reconhece que a sua beleza "lhe abriu muitas portas". Ainda assim, nem todas foram boas.
A atriz sofreu um aborto e admite: "senti-me incapaz"
Aos 27 anos, a atriz sofreu um aborto espontâneo e viu a sua vida a ser escrutinada pela comunicação social. "A imprensa do Brasil é muito desrespeitosa e eu exijo respeito", frisa.
"Passei por momentos muito difíceis. Sofri um aborto espontâneo, por exemplo, que foi divulgado na capa da 'Caras'. As pessoas passavam por mim e davam-me pêsames. E é tudo aquilo que você não quer, porque não quer voltar aquele lugar", conta.
"A mulher, quando nasce, vem com uma carga: a de gerar e parir. E eu sempre tive vocação para ser mãe. Eu gosto de crianças. Então, quando sofri o aborto espontâneo, senti-me incapaz — e eu sei que sou muito capaz", diz. "É uma dor dilacerante, mas passa", completa a atriz, que garante ter demorado cerca de quatro anos a fazer as pazes com a situação.
A dor de perder o filho, diz, não a fez ter medo de voltar a tentar a ser mãe. Ainda assim, garante que não se revê na imagem que as redes sociais passam daquilo que é a amamentação.
Luana Piovani acredita que, atualmente, a maternidade é "produto rentável", no qual "a sociedade exige da mulher em todos os segmentos", avança a atriz, que participou na atual edição d' "A Máscara", na SIC, enquanto Rainha de Copas.
"Esses dias, eu vi uma foto de uma menina linda, que acabou de parir, com uma barriga seca. Toda gatinha já, dando de mamar ao filho. Arrumada e com um cabelo bonito. Quando olhei para aquilo eu pensei: 'talvez ela não saiba o que está a fazer, mas ela só está aumentando a imagem que o mundo passa de que amamentar é tomar um milk shake. E não é", continua."E a dor lombar? E o bico que racha? E quando o bebé não pega direito e você está exausta?"
"A maternidade é um produto muito, muito lucrativo, mas é a maior crueldade que você faz com uma mulher", remata, com a ressalva de que as pessoas tendem a falar do "amor de mãe", mas "você não conhece esse amor quando acaba de ter um filho. É mentira. Amor é convivência".
Luana Piovani recorda abusos sexuais
Luana Piovani recordou ainda os abusos sexuais que sofreu durante a infância, informação que revelou pela primeira vez numa entrevista à apresentadora brasileira Xuxa.
"Fiz 10 anos de terapia e 8 anos de psicanálise, até ter alta, e eu nunca levei esse assunto para eles. Obviamente nunca contei para o meu pai e para minha mãe, até porque são as pessoas mais difíceis de contar uma coisa dessas. Amarrei e coloquei num lugar tão alto da minha estante, que acho que não me causou sequelas", conta a atriz, que revela que tinha cerca de 8 anos à data dos abusos sexuais.
“Não identifiquei como uma coisa que devesse pedir socorro e contar para a minha mãe. Sabia que não era certo, mas como não estava com medo, nem machucada e não levei com uma agressão, ficou ali. Aconteceu umas duas ou três vezes”, acrescenta.
"Quando você é tocada é abuso, mas eu não fui violada", esclarece a atriz, que garante nunca mais ter tido qualquer contacto com o agressor, cujo nome não revelou.
Atualmente, Luana vive em Portugal, mas revela que inicialmente era para ir para a Califórnia. No entanto, acabou por mudar de ideias. "Queria ir, porque o meu país não me permitia viver uma vida calma com os meus filhos. Quando vim para cá não foi para ser rica, quero é paz", sublinha.
A atriz de 45 anos é mãe de três filhos, frutos do seu antigo relacionamento com Pedro Scooby.