As galas de "Ídolos" arrancam este sábado, 21 de maio, e na mesa do júri, estará Martim Sousa Tavares. Juntamente com Joana Marques, Ana Bacalhau e Pedro Tatanka, o maestro de 30 anos irá avaliar as performances dos aspirantes a cantores.
Martim foi o convidado deste sábado do "Alta Definição" e, numa retrospetiva do seu percurso profissional e pessoal, abordou um dos momentos mais delicados da sua vida: um grave acidente de mota. "Tive três dias que não existem na minha memória porque estive nos cuidados intensivos, creio que em coma induzido. Porque uma senhora, que ia a conduzir num carro, num cruzamento, ia a escrever uma mensagem. Não me viu a passar à frente dele", recordou o maestro.
"Lembro-me daquela fração de segundo, quando percebi que ela não ia travar o carro, que aquele carro me ia acertar... é como se o destino tivesse vindo ter comigo e dissesse 'agora vais pagar a fatura por teres decidido andar de mota'", contou.
O acidente aparatoso resultou numa fratura exposta numa perna. "Via muito sangue a sair pelo cano das calças, percebia que tinha uma perna numa posição que parecia um esparguete e achei que nunca mais ia poder voltar a andar. De tal forma a adrenalina foi intensa que eu tentei levantar-me, quando tive o acidente". O maestro foi levado para um hospital em Lisboa e é lá que é colocado em coma induzido. "Depois houve lá um caso de negligência médica, que fez com que eu ficasse com uma embolia pulmonar e foi aí que eu 'desliguei'", explicou ainda o maestro.
Martim passou um verão a fazer fisioterapia, tendo recuperado totalmente a mobilidade. "Recebi uma indemnização por danos físicos e morais. Agarrei nesse dinheiro e fui comprar outra mota maior", recordou o maestro, esclarecendo que não queria ficar com o medo de se deslocar neste veículo.
"Aquela professora devia ter uma opinião contrária à do meu pai e resolveu vingar-se no filho"
Filho de Miguel Sousa Tavares e da jornalista Laurinda Alves, e neto da poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen, Martim habituou-se desde cedo a conviver com o peso dos apelidos e do legado familiar. O maestro recordou dois episódios em que foi afetado pelo impacto nem sempre positivo das opiniões do pai no público: o primeiro, com uma professora, que lhe atribuiu a única nota negativa do seu percurso académico. "Sem eu ter dito nada, ela já me tinha topado e fui maltratado todo aquele ano. Aquela professora teimava em mandar-me para a rua, em dar-me negativas, tanto é que me chumbou", recorda, contextualizando. "Isto foi na altura em que estava a ser feita a reforma do modelo de progressão de carreira dos professores e aquela professora devia ter uma opinião contrária à do meu pai e resolveu vingar-se no filho".
O segundo, mais grave, um assalto a casa do pai. "Tinha sido um trabalho profissional. A PJ foi logo claríssima. E não levaram nada de valor. Podiam ter levado joias, podiam ter levado quadros, levaram só o computador, que era a forma que ele tinha de se exprimir. Claro que para ver se ele tinha lá alguma coisa comprometedora, provavelmente para fazer chantagem, mas como metáfora. 'Nós estamos a pôr-te uma mordaça na boca, vê lá se percebes a mensagem'", conta Martim, que adianta ainda que o pai reagiu com "desportivismo" ao episódio.