
Esta terça-feira, 17 de junho, foi o primeiro dia do julgamento do processo dos Anjos contra a humorista Joana Marques. A decorrer no Palácio da Justiça, em Lisboa, até quarta-feira, 18, em causa está o processo movido pelos irmãos Sérgio e Nélson Rosado, que pedem mais de um milhão de euros de indemnização à comediante. Durante a audiência, soube-se que Nélson foi o primeiro a testemunhar e terá falado durante mais de uma hora, e a juíza, depois do almoço, marcou uma sessão adicional para 30 de junho.
No início do julgamento, segundo o “Observador”, foi sugerido pela advogada de Joana Marques que a audiência ocorresse de forma privada, sem que existisse comunicação social na sala, mas a advogada dos Anjos não concordou. Isto porque a humorista deu declarações à imprensa ainda antes do julgamento começar, pelo que não faria sentido, agora, a comunicação social não estar presente. A juíza acedeu ao pedido da advogada dos Anjos.
Nélson Rosado foi o primeiro (e único durante a manhã, prolongando o seu discurso ainda depois da pausa para almoço) a depor, insistindo que o vídeo que Joana Marques fez tinha sido manipulado pela humorista. “É um post novo. A Joana Marques fez um post novo nas suas redes em que o vídeo não é uma reprodução, mas um vídeo por ele novo porque cortou partes. Há alterações (...). Na altura, nós ficamos em choque”, começou por dizer o integrante da banda. “Dá a entender que nós não sabemos cantar o hino nacional”, disse.
Aliás, Nélson Rosado ainda vai mais longe, explicando que hoje em dia a banda ainda está a pagar o preço do vídeo feito por Joana Marques. “Ainda estamos a pagar essa fatura. Continuamos a receber ódio nas redes sociais, continuamos a receber cyberbullying (...). Somos acusados de ter assassinado o hino”, disse, ao que, segundo o meio português, a juíza perguntou se a banda sabia como funcionavam hoje em dia as redes sociais.
“Goste-se ou não do estilo, a ré [Joana Marques] é uma personalidade com relevância e influência no seu auditório”, enquanto que o público dos Anjos, pelo que explicou Nélson Rosado, é “pouco vocal”. Ou seja, o membro da banda deu como exemplo o facto de a humorista ter conquistado um Globo de Ouro, expressando assim a força que Joana Marques tem na indústria, e comparando com a pouca expressão que os fãs dos Anjos podem ter sobre o assunto.
Desta maneira, Nélson Rosado afirmou que este não é um caso sobre “um ataque à liberdade de expressão” de, neste caso específico, Joana Marques, mas sim “um caso de manipulação digital” que acabou por causar vários danos à banda. Pelo que o irmão de Sérgio disse, os Anjos perderam dois patrocínios, tiveram de adiar o lançamento de músicas por causa da polémica e ainda se viram obrigados a contratar segurança privada “à paisana”. Isto depois da onda de ódio e das ameaças que receberam nas redes sociais.
“Para se fazer bom humor não é preciso falar mal de ninguém (...). Defendo a liberdade de expressão, mas não posso prejudicar ninguém”, disse ainda Nélson Rosado. “Quero acreditar que a ré, Joana Marques, não soubesse, não tivesse a noção do que aquilo [o vídeo publicado] poderia ter causado”, rematou antes da pausa para o almoço. Depois da pausa, a juíza marcou uma sessão adicional para 30 de junho, já depois do segundo dia de julgamento, quarta-feira, 18 de junho. Nessa sessão adicional, deverão ser ouvidas as três testemunhas.