Esta quinta-feira, 9 de janeiro, Raquel Tavares foi uma das convidadas d’ “O Programa da Cristina”. A fadista anunciou no programa das manhãs da SIC que ia abandonar a carreira na música.
“Eu venho partilhar com as pessoas que gostam de mim, que fizeram de mim artista, que me sustentaram. Venho partilhar com elas a decisão que tomei porque acho que são merecedores e é uma obrigação minha para com eles. Eu decidi que quero viver além daquilo que tem sido a minha vida nos últimos 28 anos. Que é cantar”, começou por explicar a artista de 34 anos.
“Percebi que aquilo a que me dediquei a vida inteira me estava a fazer menos bem. Eu estava profundamente infeliz”, continuou. Raquel Tavares acrescentou ainda que o problema não era o cantar em si mas tudo “o que é adjacente a isso, a vida artística”.
“Eu questiono-me até que ponto nasci para esta vida. Eu decidi parar. Eu vou parar de cantar, já parei aliás. Fiz o último concerto em outubro, nos Armazéns do Chiado”, recordou. “Nessa altura, disse às pessoas que ia partir para uma fase nova da vida a um ritmo menos veloz”. E foi exatamente esse ritmo frenético que fez com que a cantora estivesse emocional e fisicamente frágil no último ano.
“Eu não estava capaz nem emocionalmente, nem fisicamente. Eu cheguei a uma fase em que estava doente. Eu já estava incapaz há muito tempo. Eu fui para lá daquilo que é o limite”, explicou. “Subi ao palco muitas vezes no último ano e meio doente, frágil. Sem nada para cantar. Eu deixei de ter vida. Emagreci 10 quilos, em mês e meio, tinha sintomas graves, contraí uma faringite, que é a pior coisa que um cantor pode ter, estive quase dois meses a cantar doente, com muita febre, sem saber se era capaz”. Ainda assim, diz estar grata por todas as oportunidades que a vida lhe trouxe.
A certa altura da conversa, Cristina Ferreira questiona a fadista se este é realmente um ponto final. “Este parar é mesmo um ponto final. Na minha cabeça, tem de ser. Nada é definitivo, mas neste momento, na minha cabeça, cantar é uma coisa que me faz mal. E estamos a falar do grande amor da minha vida”, disse emocionada.
“Antes de sermos artistas, somos pessoas. Eu não sou uma figura pública, gosto é de cantar. Chego a casa e sinto-me muito sozinha. Aos 35 anos, o que é que eu tenho? Tu tens um filho, eu não tenho. Tu tens uma mãe em casa, eu não tenho. Estamos rodeados de gente, a gritar, mas ninguém nos ouve”, revelou. “Eu não quero cantar. E dizer isto aqui, é das coisas mais difíceis que eu mais alguma vez fiz. Porque esta é a decisão mais difícil de toda a minha vida”.
No final da conversa entre as duas, Cristina Ferreira fez uma revelação. Explicou que tinha faltado ao aniversário de uma amiga de infância por “não queria encontrar pessoas”. “Eu não fui porque não quis que ninguém fosse ter comigo para tirar uma fotografia, eu não fui porque não queria que a Cristina da televisão estivesse ali”, disse emocionada.
“Eu sei do que estás a falar. E por isso eu sei que me escolheste a mim para dizer isto. Eu quero muito que tu vingues”, continuou. “Eu fui das que achei que tu não estavas bem. Eu fui das que achei que eras difícil de aturar. Porque não sabia disto e eu devia saber. Eu devia saber, Raquel”.
“Desculpa-me se não te dei o ombro mais cedo, isto é muito difícil. Nós dizemos às pessoas que há coisas que nós não gostamos, no lado público, porque isto parece tudo tão cor-de-rosa. É muito difícil de aceitar. Eu não gosto de ser figura pública, já o disse várias vezes”, continuou Cristina Ferreira muito emocionada. “Eu gosto é muito de fazer televisão”.
A entrevista terminou com Cristina Ferreira e Raquel Tavares em lágrimas, abraçadas.