O apresentador e radialista Rui Maria Pêgo utilizou as suas redes sociais para falar sobre as mensagens de ódio que recebe frequentemente, numa clara demonstração do preconceito que ainda existe na sociedade portuguesa, inclusivamente contra os homossexuais.

"Pena seres gay". "Gosto muito da tua mãe e acho que ela fica triste com as tuas figuras”. “Não há necessidade de envergonhares a tua família”. Estas foram algumas das mensagens que o locutor da Rádio Comercial mostrou na sua página de Instagram esta sexta-feira, 6 de junho. O filho de Júlia Pinheiro assumiu que não costuma revelar as suas respostas, mas acredita que é necessário continuar a lutar por uma sociedade mais justa, numa época em que o racismo e o preconceito fazem capas de jornais e são tema presente devido à morte de George Floyd e consequentes manifestações, não só nos Estados Unidos, mas pelo mundo fora.

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"Como devem imaginar, eu recebo mensagens destas. Raramente publico aquilo que respondo, porque acho que não vale a pena, mas ainda acontece. Portanto, o ‘pride’ [celebração do orgulho gay] é profundamente necessário”, salientou nas redes sociais. Rui Maria Pêgo continuou, afirmando que é imperativo “lutar pelos direitos daqueles que são vítimas de diferenciação social por serem de uma etnia que não é aquela que é a mais forte no país, de haver o conceito de raça que nos diferencia, de haver as desigualdades sociais que vêm do facto de a mobilidade social não chegar a todos”.

Rui Maria Pêgo assumiu a sua homossexualidade em junho de 2016, também num momento em que utilizou as redes sociais para abordar temas prementes no mundo. Na época, o apresentador publicou um texto no Facebook sobre o massacre de 50 pessoas numa discoteca gay em Orlando, nos Estados Unidos, um claro crime de ódio.

"Morreram 50 pessoas em Orlando - terra da Disney - que ousaram ser quem são dentro de um local que imaginavam seguro. No fundo, respiravam. Lá na vida deles. Ligeiramente entrincheirados numa discoteca lá 'deles'. Para sempre 'meio entrincheirados'. Porque é sempre assim, não é? Morreram 'aqueles'. Aqueles sírios. Aqueles turcos. Aquelas nigerianas raptadas e violadas pelo Boko Haram. Aqueles paneleiros que quiseram abanar-se ao som de Ariana Grande. Não digo paneleiros para chocar. Digo-o porque as palavras têm vida; memória. Digo-o porque esses paneleiros são iguais a ti que estás a ler isto. E são completamente iguais a mim; são pessoas", escreveu, na época, o filho de Júlia Pinheiro.