Pedro Taborda, também conhecido como "aquele dos Black Mamba, o que está sempre de chapéu", foi o mais recente convidado do "Alta Definição", o programa de entrevistas conduzido por Daniel Oliveira desde 2009, na SIC. O músico assumiu recentemente o papel de jurado no "Ídolos" (que termina já este domingo, 3 de julho) e foi precisamente o estúdio do programa de talentos que serviu de palco para a entrevista.

Poucos o tratam pelo nome que surge no Cartão de Cidadão, mas, ao contrário do que muitos julgam, Tatanka não é 'só' o nome artístico do músico de Sintra. Quando tinha "talvez uns 15 anos ou 16", o Vasquinho da vila começou a tratar Pedro Taborda por Tatanka, como referência a um lutador de Wrestling cujo penteado o jovem sintrense detestava.

15 dias depois, a brincadeira ganhou raízes e "Sintra inteira" adotou a alcunha. "Hoje em dia, agradeço-lhe, porque acabou por se tornar um nome artístico, que provavelmente não teria tido a astúcia de me chamar a mim próprio", diz, em tom de brincadeira.

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Agora, e principalmente desde 2021, ano em que os The Black Mamba, banda de que é vocalista, venceram o Festival da Canção, Tatanka é presença assídua no panorama mediático português. Foi com o tema "Love is On My Side" que representou Portugal em Roterdão, na Eurovisão, mas continua a reconhecer a primeira música alguma vez lançada pela banda, algures em 2012, como uma das mais especiais da sua carreira.

Isto porque os versos "Sou o Sol, sou a Lua, sou a vida a florir. Sou a canção, sou a rua, sou um homem a sorrir" não só integram o tema "Canção de Mim Mesmo", como foram "roubados" de um caderno de letras da mãe do músico. "Quando estava a começar a escrever as minhas canções, ali em 2005, descobri um caderno de letras dela de 1978 e tinha essa letra, que só viria a ver a luz do dia em 2012, quando lançámos o primeiro disco dos Black Mamba", explica.

A mãe de Tatanka morreu quando o músico tinha 15 anos e nunca o chegou a ouvir cantar. É certo que, à data, já havia entrado numa escola de música em Sintra, quando tinha 10 anos, mas acabou por desistir da ideia (e das aulas aos sábados) passados dois ou três anos. Foi através das palavras "a mãe já não está cá" que recebeu a notícia, que descreve como um "golpe duro" na sua vida. 

"Tive uma situação trágica numa idade muito jovem", começou por explicar. "Eu era muito apegado. A minha mãe tratava mais de nós, não saía para trabalhar. Tinha uma afeição e um apego muito grandes. Pronto, foi o golpe mais duro que já tive de absorver", acrescentou.

O artista concorda com Daniel Oliveira, quando este diz que a dor acaba por se dissipar e a saudade fica, mas admite que há momentos em que se dirige a mãe no sentido de dizer "espero que estejas a ver". Tal como aconteceu no passado dia 5 de maio, quando a banda The Black Mamba venceu o prémio de Melhor Grupo nos Prémios Play.

"No outro dia, cheguei dos Prémios Play, ganhámos um prémio e estava super feliz. Estava uma foto dela ao lado do piano e eu tive assim a falar um bocadinho com ela sobre esta cena. E estava-lhe a dizer isso: 'fogo, gostava de que tivesses visto esta cena'. Mas a vida é como é", conta. "Tenho pena de que ela não tenha visto este trajeto e tenho pena de que não tenha conhecido os meus filhos", completa.

"Foi um bocado duro. Foi um bocadito pesado"

Tatanka tem uma filha com 7 anos e um filho com 5, fruto da relação com Joana, advogada de profissão, com quem mantém uma relação há mais de 20 anos. Começaram a namorar quando o músico teria 16 anos e ainda frequentava o 10º ano de escolaridade.  Em entrevista, Tatanka explica que o nascimento da filha, que se chama Helena em homenagem à avó, foi um "choque", mas, acima de tudo, um ponto de viragem.

Isto porque, segundo conta, estava numa fase boémia. "Quando a minha filha nasce [em 2015], foi um choque para mim. Todos os dias saía à noite, todos os dias chegava às horas que me apetecia. Fiz muitas asneiras. [Excessos?] Sim. Rock 'n roll, foi um bocado duro. Foi um bocadito pesado" , começou por explicar, com a ressalva de que nunca teve "problemas de dependência", essencialmente porque sempre teve "medo" e "respeito" pela perda de controlo.

"A minha filha é um farol para mim. Eu andava numa vida assim rock 'n rolleira. Quando a Joana engravidou, estávamos a viver em Lisboa, uma cena assim muito boémia e intensa, e decidi: 'ok, vou voltar para Sintra. Os meus filhos não vão nascer e crescer aqui'", acrescentou. E foi o que fez. Regressou para a zona onde havia crescido como um "autêntico Mogli" e focou-se em construir família.

Segundo conta, demorou dois anos a aprender a viver a nova rotina de pai, mas hoje em dia reconhece que o nascimento de Helena foi um ponto de viragem. "As coisas andaram a um ritmo, neste últimos sete anos, que não andaram nos outros sete nem perto dos anteriores. Que acabaram por culminar, ao fim de tantos anos de andar na batalha, nisto que estamos a viver agora: este estado de graça que os The Black Mamba estão a viver agora e que eu estou a viver agora" .

O intérprete de temas como "Love is Dope" ou "Crazy Nando" explica que nunca quis "ser famoso", mas admite que "sempre quis ser reconhecido". "Nunca quis ser famoso ou uma celebridade, nunca foi isso que me cativou. (...) Mas sempre quis ser reconhecido pelo trabalho que faço. E essa foi a primeira grande prova de que as pessoas estavam a reconhecer o que eu faço e o que a banda faz. E isso foi muito importante", disse, referindo-se à vitória do Festival da Canção, em 2021.

Recentemente, o músico foi convidado diretamente por Daniel Oliveira para integrar o painel de jurados do "Ídolos". Um desafio feliz, segundo explica, mas que está prestes a terminar. A última gala do programa de talentos da SIC vai para o ar já este domingo, 3 de julho, com Sara Matos a assumir, pela última vez, a condução do formato.