Teresa Guilherme foi a convidada de Daniel Oliveira no programa “Alta Definição”, na SIC, este sábado, 9 de dezembro. A apresentadora abordou vários temas, desde a morte do pai, o fadista Luís Guilherme, e o que lhe disse quando este estava em coma ao atropelamento da avó, passando pelos 3 milhões de euros que perdeu no BES e a lição que aprendeu quando deixou de ter poder.
Teresa Guilherme começou por recordar uma altura da sua vida em que “tinha que dar” a sua opinião, “mesmo que ninguém” lhe “perguntasse nada”. “Eu metia-me nos assuntos dos outros também e tinha de dizer as minhas verdades, as minhas conclusões. A minha opinião era mais importante do que a opinião de toda a gente”, admitiu.
Apesar de admitir que os seus empregados “passaram algumas passinhas do Algarve”, por ser “muito rigorosa e muito exigente”, atualmente, quando os encontra estes afirmam que eram “tão felizes” sem saberem e que aprenderam muito com a apresentadora.
Teresa Guilherme recordou também o pai, que “morreu há uns anos” e “teve muito tempo a viajar” e a “curtir a liberdade dele”. A apresentadora contou que quando as amigas do fadista Luís Guilherme lhe contaram que o pai tinha “orgulho” em si, “foi uma grande surpresa”.
“Eu achava que era um irmão que lá estava em casa. Ele chegava, ficava um tempo e depois ia-se embora outra vez. Isto é uma coisa que diriam todos os psicólogos do mundo, mais todos os coaches, mais toda a gente com quem me cruzei, que eu tenho coisas para resolver a nível da figura paternal. Se a gente pensar que eu nunca me casei... Casei-me aos 50 anos com o Henrique, mas nunca me casei nos 20 anos nos 30, nos 40. (…) Isso terá sido um problema de falta de figura paternal em casa”, contou.
Atropelou a avó. "Parece anedota, mas foi muito grave"
Além disso, a apresentadora revelou que atropelou a avó no dia em que levaram o pai para um lar. “Parece uma anedota, mas não é. É uma coisa muito grave”, disse. “O meu pai teve dois ou três AVC e não podia ficar em casa, tinha voltado para casa da minha avó já nos seus 50 e muitos. E então, decidiu a minha avó que ele teria de ir para um lar, uma casa de repouso. Chama-se uma ambulância, com toda a calma, no dia 15 de agosto, ainda me lembro, no primeiro ano em que fiz televisão, do primeiro para o segundo. Ele foi na ambulância, a minha avó não quis ir na ambulância, porque tomou aquela decisão e não havia nada a fazer, e foi no carro comigo”, começou por contar.
“Eu sempre fui muito má condutora e lembro-me de estar impressionada, de estar a olhar para o meu pai na ambulância e as pessoas estarem nas janelas nuns prédios: ‘olha, aquela é a da televisão’. (...) Tudo aquilo mexeu um bocado com a minha falta de jeito. (...) O que eu fiz foi: olhei para fazer a manobra e quando olhei outra vez foi por causa do barulho. Ela saiu, ficou a olhar para ele com a porta aberta e eu quando recuei bati-lhe com a porta. Quando caiu partiu o colo do fémur e pedi ao senhor da ambulância para levar a minha avó para o hospital”, continuou.
No mês em que a avó de Teresa Guilherme esteve a recuperar, esta tomou conta do pai. Contudo, refere que “não foi uma aproximação afetiva”, mas sim de “responsabilidade”. Após sofrer mais dois AVC’s, a apresentadora quis ir ver o pai “em coma no hospital”, tendo tido “uma conversa com ele” sobre a vida dos dois “passada um bocado em separado”. “Achei que ele estava muito sereno. Vim-me embora e ao fim de uma hora ele morreu, portanto ele tinha estado à espera que eu chegasse”, revelou.
“Ficámos amigos na mesma. Não tenho esta sensação do pai que se foi embora e de eu ter ficado órfã”, disse. Teresa Guilherme disse a Luís Guilherme que eram “parceiros de vida”, “que não lhe reconhecia a autoridade de pai” que lhe tivesse ajudado a tornar-se “naquela mulher”, mas que “se calhar” também houve “alguma falha” da sua parte.
“O que eu lhe disse é aquilo em que acredito: está tudo certo, cada um faz o melhor que pode. Nós somos imperfeitos”, contou, acrescentando que se foi embora “com a sensação de que ele estava tranquilo e em paz mais do que em qualquer outra altura da vida dele”. “Ele não tinha sido uma desilusão para mim, porque também não tinha sido uma ilusão”, continuou.
Perdeu 3 milhões de euros
Teresa Guilherme abordou também a altura em que perdeu 3 milhões de euros no BES, de Ricardo Salgado, e deixou de ter uma “almofada financeira”. “Passas a batalhar pelas coisas essenciais e a ter gosto nas coisas essenciais”, disse. “A raiva com que eu fiquei não foi propriamente do dinheiro. Não me permite pensar: ‘se eu tivesse aquele dinheiro o que é que eu fazia neste momento?’. Isso não me permite pensar”, confessou.
“Quando é que as pessoas mais se revelaram? Quando tinha poder ou deixou de ter?”, questionou Daniel Oliveira. “Isso foi bom, porque foi uma grande lição, que é: tinha poder, no dia em que não tinha poder estas pessoas desapareceram todas, portanto só ficaram as boas. E isso foi bom. Quer dizer, no momento foi horrível, que é o teu telefone toca a toda a hora, o dia inteiro, e de repente... Não leva tempo nenhum. E as pessoas evitam-te na rua, passam por ti e afastam-se”, refletiu.
Contudo, Teresa Guilherme revela que isso foi “libertador”, porque “quem lá está são as pessoas que querem ficar contigo mesmo”. “Não é porque têm pena de ti, é porque te apreciam. Querem estar ao teu lado, querem-te dar a mão”, disse. “Isso foi de uma radicalidade que não te passa a ti pela cabeça. Foi do zero ao 100 no mesmo dia. Num dia tu és, noutro dia não és e as pessoas desaparecem, mesmo”, acrescentou.