Numa rua anexa à Avenida da Liberdade, em Lisboa, está prestes a nascer mais um espaço em que os amantes de moda se podem perder. A cargo do youtuber Diogo Figueiras, mais conhecido como Windoh, a Rotation abre portas esta sexta-feira, 28 de outubro, e promete trazer calçado "extremamente premium".

O sonho de Windoh não é de agora. Pelo contrário, remonta há quatro anos, época em que começou a concretizá-lo, ainda que em menor escala. Na altura, o youtuber juntou-se a Manuel Ataide, que "já vendia ténis" e era responsável por arranjar-lhos. Depois, criaram a Hype Gallery. "A Hype Gallery era uma loja de Instagram, onde nós vendíamos ténis mais exclusivos" apenas nessa rede social, explica Diogo Figueiras à MAGG. No entanto, dois anos depois, decidiram dar uma nova vida ao negócio, mudando-lhe a imagem.

Assim, criaram uma loja online, à qual chamaram New Kicks – o intuito era o mesmo, só mudava o método de venda, que se fazia exclusivamente através de um site. Mesmo assim, Diogo e Manuel não estavam satisfeitos com os moldes do negócio. Aos dois amigos, que fundaram o projeto numa primeira instância, juntou-se Rafael Machaqueiro, o terceiro sócio-investidor.

Os três decidiram dar mais um passo, que os encaminhou até à Rua do Salitre, onde a Rotation vai estar situada. "O sonho era mesmo este: uma loja física, na Avenida da Liberdade. Não ficou propriamente lá, mas dá perfeitamente para o que nós queríamos", frisa o empresário.

Porquê na Avenida da Liberdade (ou junto a esta)?

Também tínhamos a mesma questão – e Diogo Figueiras deu-nos a resposta. Além de sempre ter feito compras por essa zona, não foi só esse aspeto que apontou. "Eu acho que a Avenida tem todo um espírito próprio", diz o youtuber. No entanto, houve outro fator a ter em conta no momento da decisão: o perfil dos clientes que os três amigos querem atrair.

"O nosso consumidor é o consumidor das lojas da Avenida. É alguém que gosta de um visual mais chique, mas também consegue conjugar isso com streetwear", explica, acrescentando que "conjugar marcas, cores e vários tipos de calçado" é algo pelo qual se deverão reger.

Mas não é só isso que o cliente da Rotation deverá ter – terá, ao mesmo tempo, de ser detentor de uma carteira recheada. Sim, porque a pedra basilar desta loja vai ser "tudo o que seja calçado mais premium, limitado" (de luxo, por outras palavras). Além disso, embora sejam poucas, vão contar com algumas peças de roupa, de marcas como Off-White e outras duas que Diogo não revelou, assim como alguns relógios da marca Rolex.

"Não há nenhuma loja assim em Portugal"

Que a Rotation vai beber inspiração ao projeto que esteve na sua génese e a outras lojas norte-americanas do género, como a Complex e a Fight Club, já sabemos. Aliás, em 2018, a Hype Gallery nasceu depois de Windoh voltar dos Estados Unidos e perceber o quão difícil era arranjar os ténis mais exclusivos em Portugal.

Por isso, a premissa da Rotation é ter a garantia de que não se sai de lá de mãos vazias, independentemente da exclusividade do modelo que se queira comprar, segundo o youtuber. A loja vai estar repleta de modelos nos quais "é quase impossível pôr as mãos em cima", frisa Diogo Figueiras, acrescentando que isto só é viável graças aos "quatro anos seguidos a angariar contactos para corresponder à demanda do público".

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Assim, modelos como Air Jordan e Dunk, da Nike, "que toda a gente conhece como sendo os modelos mais populares e que esgotam num segundo, nos dias em que saem", aos Yeezy, da Adidas (que podem ter os dias contados), a oferta é vasta – mas não se fica por aqui. "Vamos vender alguns Louis Vuitton também, como os LV Trainers, que são muito queridos do público. Vamos ter uns Air Force também da Louis Vuitton, que estão na berra e que são muito limitados", enumera o empresário.

De uma coisa, Windoh tem a certeza: "Não há nenhuma loja com um serviço assim em Portugal". Isto porque estamos a falar de um serviço personalizado em que o cliente "consegue encontrar tudo o que quer", enfatiza. "Por exemplo, se chegar um consumidor à loja e quiser um par de ténis específico, nós conseguimos arranjá-lo. Se não tivermos o tamanho dele na loja, nós conseguimos arranjar, mesmo dos pares mais exclusivos", garante.

E as redes sociais? Vão ser deixadas para trás?

Mesmo que sempre se tenha considerado um empresário, Windoh tem noção de que "este não é um negócio para ser levado com leveza". Até porque, ao abrirem portas no local escolhido, Diogo, Manuel e Rafael sabem que têm "outras responsabilidades para ter em conta".

Deixar as redes sociais para trás, no entanto, não faz parte dos planos. Na verdade, o criador de conteúdos deixa bem explícito o contrário. "Acho que isto até vai impulsionar certos aspetos nas minhas redes sociais, atingir um novo público e ter outro tipo de conteúdo no qual já não pego há algum tempo", esclarece.

Isto porque, considerando-se o "pioneiro da sneaker culture em Portugal", Windoh quer dar a conhecer mais sobre essa cultura, algo que fazia nos primórdios do seu canal de Youtube. "Quando comecei a ter algumas posses, comecei a comprar ténis mais limitados, começando pelos Yeezy", conta, acrescentando que o gosto pelos ténis exclusivos "ainda não fazia bem parte da cultura portuguesa".

Com os seus vídeos, começou a introduzir este estilo de vida no País, sendo que já era bastante forte nos Estados Unidos, e "rapidamente tornou-se um fenómeno", com os vídeos a somarem milhões de visualizações. "As pessoas receberam de braços abertos esses vídeos em que eu comprava ténis e em que mostrava uma cultura que não se via cá em Portugal", frisa. E, agora, vai voltar a tentar trazer esses conteúdos para a sua plataforma.

"Somos eternos aprendizes nas nossas vidas"

Nos últimos anos, Diogo Figueiras viu-se enleado numa teia de controvérsias. A maior dos últimos tempos foi quando, em 2021, foi acusado de vender um curso sobre criptomoedas a 400 euros, cujo conteúdo havia sido, alegadamente, copiado da Wikipédia. À conta disso perdeu patrocínios e recebeu ameaças de morte, mas diz já estar "tudo resolvido".

Questionado sobre se acharia que o envolvimento nessas polémicas iria retirar-lhe alguma credibilidade ou provocar desconfiança nos consumidores deste ou outros projetos, o empresário respondeu prontamente que não. "Não me parece, até porque essas questões nada têm que ver com outros negócios que tenha ou que possa abrir, e já nem tem repercussão online neste momento", enfatiza.

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"Este é o primeiro negócio que tive na vida, tem bastante sucesso e temos inúmeros clientes que já saem daqui satisfeitos há quatro anos", continua, acrescentando que este projeto "tem muito mais credibilidade do que qualquer outra coisa que possa surgir entretanto".

No entanto, não nega que levou alguns conhecimentos dessas situações. "Acho que somos eternos aprendizes na nossa vida, tanto profissional como social", afirma Diogo. "Especialmente tendo esta profissão com muita exposição, estamos sempre a aprender, seja com os erros ou com pessoas que vamos conhecendo", aponta o youtuber.

Por isso, garantindo que não encara as situações por que passou de "maneira leve", conclui: "Estou sempre a crescer e em constante evolução. Vou levar essas aprendizagens para a minha vida, mas acho que isso não tem nada que ver com este negócio em específico".